Amieiro. Foto: Pixabay |
Os últimos dias têm sido muito frios, o que pode influenciar o crescimento e o desenvolvimento de muitas plantas. A germinação, floração e frutificação são dos processos mais influenciados pela temperatura ambiente. Contudo, a influência da temperatura em cada um destes processos, varia de espécie para espécie.
As plantas continuam a surpreender-nos. Algumas são mais resistentes às temperaturas baixas do que outras. As suas estratégias para superarem condições adversas são únicas.
Daí existirem plantas menos resistentes ao frio que optam por se manter “adormecidas” durante o inverno, armazenando substâncias de reserva nos seus órgãos subterrâneos – rizomas, bolbos, tubérculos ou sementes para, assim que as condições meteorológicas sejam mais favoráveis, iniciarem o processo de formação de novas folhas, flores e frutos.
Amieiro. Foto: 4028mdk09/WikiCommons |
As mais resistentes mantêm a sua estrutura durante todo o ano, ainda que algumas possam perder as folhas durante os meses mais frios, reduzindo a sua atividade e evitando desperdício de energia. Estas são as espécies de folha caduca, espécies que ficam em estado latente durante o inverno e que, quando a temperatura sobe, começam a desabrochar novas folhas ou flores.
Já as espécies de folha persistente, cujas folhas se mantém na árvore durante todo o ano, geralmente apresentam uma forma cónica. Esta forma da copa serve para que a neve possa escorregar sobre a planta sem partir os seus ramos, já que muitas destas espécies coabitam em regiões que neva.
O amieiro (Alnus glutinosa) é uma espécie que encontrou outras estratégias para suportar as temperaturas baixas. É uma árvore de folha caduca cujas flores, formadas no outono, surgem ainda antes da formação das folhas, precisamente na estação mais fria.
O amieiro
O amieiro é uma espécie nativa da família das Betulaceae, a mesma a que pertence a bétula e a aveleira, outras espécies espontâneas em Portugal.
É uma árvore de médio porte, que raramente ultrapassa os 25 metros de altura, de copa ampla e arredondada. O tronco destas árvores é bastante característico, sobretudo nos exemplares mais jovens. A casca é lisa e acinzentada mas vai ficando castanho-escura e formando gretas longitudinais com o passar do tempo.
As folhas são simples, ligeiramente arredondadas e com o vértice chanfrado – apresenta um pequeno entalhe. São viscosas e de cor verde-escuro brilhante na página superior e verde mais claro na página inferior, onde também são visíveis pelos amarelos nas axilas das nervuras.
É uma espécie monóica, com flores masculinas e femininas na mesma planta e agrupadas em inflorescências. As flores masculinas formam amentilhos – género de espiga alongada, com uma forma cilíndrica, compridos e de cor púrpura durante o inverno e verde na primavera. As flores femininas são agrupadas em amentilhos ovóides, lenhificados, que fazem lembrar pequenas pinhas, de cor vermelho-púrpura, que se tornam verdes na primavera e castanhas depois de ocorrer a fecundação. A formação das inflorescências inicia-se no outono e a floração é regular, abundante e ocorre entre janeiro e março, antes do surgimento das folhas.
Amieiro. Foto: Letrek/WikiCommons |
Os frutos são pequenos, ovóides, de cor castanho-avermelhado e muito viscosos. A maturação dos frutos ocorre no outono, altura em que dispersam inúmeras sementes, que são facilmente transportadas ao longo dos cursos de água.
Espécie ripícola
O amieiro ocorre naturalmente na Europa, noroeste de África e oeste da Ásia. Em Portugal encontra-se em quase todo o território, sendo mais raro a sul e nas zonas de alta montanha.
Classificado como uma espécie ribeirinha ou ripícola, o amieiro tem como habitat preferencial as margens dos cursos de água permanente – rios, ribeiras, lagos e locais inundados ou bastante húmidos.
Cresce bem em zonas de clima temperado húmido, preferencialmente de baixas altitudes. É uma espécie de luz plena, tolerante às grandes variações de temperatura e aos ventos. Prefere solos ácidos ou neutros, pobres em calcário, ligeiramente pesados, desde que com humidade constante.
Foto: Cayambe/WikiCommons |
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