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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 23 de janeiro de 2021

Os Saberes

Lenta, muito lentamente, a dado momento das coisas da sua e evolução, o ser humano começou aperceber-se de si e dos outros. Foi adquirindo competências para facilitar o seu sobreviver, num crescendo de problemas e de soluções que não existiriam se não houvesse problemas.

Foi aprendendo e solucionado. Mas antes, muito antes mesmo, foi sofrendo transformações físicas. O seu cérebro cresceu e fez aumentar a sua cabeça em volume. Desproporcionada em tamanho relativamente ao resto do corpo, dificultou-lhe o nascer.

Em manada os nossos ancestrais peregrinavam à cata de condições e de alimentos seguindo o instinto. No entanto, na hora certa de vir nova cria ao mundo, estancavam. Pelo menos os de maior proximidade à parturiente, esperavam e socorriam.

Destas dificuldades sem par no mundo animal, brotou o sentimento de solidariedade, exclusivo da espécie. Ascendeu-se a chama do brilhozinho nos olhos escorrida da alma e semente das primeiras ternuras. O tempo passou em milhares de anos, mas pegou e ficou.

Outros milhares depois, arranjou-se jeito para se partirem bivalves com pedras, pegou-se o lume pela primeira vez, o culto dos mortos prendeu os humanos ao lugar. Trinta mil anos depois ergueram-se as primeiras construções e fundaram-se as primeiras comunidades.

Outros milhares de anos depois e oito mil antes de nós, descobriu-se a escrita. O que se dizia passou a poder ficar sem que fosse levado pela aragem. Os símbolos passaram também a dizer uns dos outros e de uns para outros numa ímpar forma de comunicar.

Foi o ponto mais sublime da evolução que nos diferencia, sem que nos deixe distinguir em absoluto, pois o ser humano continua a ser a par das hienas, a única espécie que mata somente por prazer. Caminhámos, mas há coisas que ainda nos restam nos ramos das árvores que foram o nosso chão de muito antigamente.

Em todo o caso, fomos construindo e distribuindo conhecimento. Temos sabido por onde ir porque sabemos de onde vimos graças à História, conseguimos voar sem asas graças à Literatura, descobrimos a toda a hora novas coisa graças à Ciência e amparamos o caminhar com força, mercê das competências de gestão que permitem otimizar recursos.

No entanto, chegamos a um cruzamento e sentimo-nos à toa. Ouvimos desvalorizar os saberes das humanidades tidos como desnecessários e improdutivos, enquanto se dá a exclusividade do que vale a pena aos maneirismos que permitem uns poucos ganharem muito cada vez mais.

O resplandecer da modernidade mostra-nos muita gente a viver realidades paralelas nos corredores esconsos da Internet transformada em coisa sinistra e anárquica onde pululam heróis de pacotilha de nenhuma serventia para a gente de bem.

Cada vez mais o ser humano sabe muito, mas não consegue atingir o ponto em que se verifica que nada se sabe. Por isso é que vem há milénios a aprender, e a correr certo, outros tantos andará a desemburrar-se. Está nos livros.

Manuel Igreja

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