Ricardo Lagoa, Coordenador de Marketing e Comunicação da Sociedade Ponto Verde - FOTO: CStudio |
Tem uma ideia que está a guardar para si há muito tempo sobre como mobilizar melhor os vizinhos da sua rua ou do seu bairro sobre a importância de reciclar embalagens? Faz parte de uma associação ou é autarca numa junta de freguesia e quer contribuir com um projeto na área da reciclagem de embalagens? Então vá ao site e candidate-se a prémios monetários, e não só, em três categorias. Ainda tem até ao dia 25 de janeiro para se candidatar.
“O projeto Junta-te ao Gervásio está a correr bem, é a segunda edição. Temos a ambição muito forte de ter mais candidaturas do que na primeira edição, vamos com um ritmo bom, mas precisamos que até dia 25 de janeiro as pessoas se mobilizem, cidadãos, associações, juntas de freguesia, e entreguem as candidaturas para que possamos ter uma edição maior do que a anterior. E é importante que seja maior, não só por uma questão de números, mas pelo impacto que tem no terreno”, como explicou Ricardo Lagoa, Coordenador de Marketing e Comunicação da SPV, no programa CM Regiões, da CMTV.
Desta vez, a reportagem do CM Regiões com Duarte Siopa e Sara Santos foi até Torres Vedras, um concelho-modelo nas suas práticas ambientais, que privilegia a reciclagem. Visite então o site do Junta-te ao Gervásio e veja como é simples concorrer. O foco é a reciclagem da embalagem. A partir daí, “qualquer projeto, ou qualquer ação, de comunicação, de sensibilização, seja mobilizar os vizinhos do prédio, ou ir a um mercado ou a uma escola explicar como é que se devem separar e reciclar as embalagens, vale”, insistiu Ricardo Lagoa.
Os vencedores da primeira edição “podem voltar a candidatar-se se tiverem um projeto novo, ou se o projeto anterior tiver uma escala e um âmbito bastante diferente”.
AS CANDIDATURAS À SEGUNDA EDIÇÃO DO PRÉMIO “JUNTA-TE AO GERVÁSIO”, DA SOCIEDADE PONTO VERDE, PODEM SER FEITAS ATÉ 25 DE JANEIRO
O exemplo da Junta de Odivelas
No programa do CM Regiões em Torres Vedras, Duarte Siopa e Sara Santos falaram com Nuno Gaudêncio, presidente da Junta de Freguesia de Odivelas, e vice-presidente do conselho diretivo da ANAFRE (Associação Nacional de Freguesias), e Pedro Brás, presidente da Junta da União das Freguesias de Massamá e Monte Abraão e coordenador da Delegação Distrital de Lisboa da ANAFRE. Em cima da mesa esteve o valor acrescentado para a comunidade de uma iniciativa como a Junta-te ao Gervásio. A Junta de Freguesia de Odivelas, por exemplo, recebeu uma Menção Honrosa na primeira edição por causa do projeto pioneiro A Reciclagem Vai à Feira. “As feiras têm, de per si, muito material de reciclagem e nós sensibilizámos os feirantes, toda a comunidade que vai à feira e com a ajuda da comunidade escolar, a fazerem reciclagem primeiro do plástico, depois do cartão e agora estamos também a ter a componente dos orgânicos que ajuda a não danificar o plástico e o cartão”, como contou no programa Nuno Gaudêncio.
Como vice-presidente do conselho diretivo da ANAFRE, parceira do projeto, Nuno Gaudêncio lembrou a importância da “parceria com a Sociedade Ponto Verde, e com a CMTV, para conseguirmos que esses projetos não só sejam divulgados como a eles se juntem outros. Até dia 25 de janeiro podem mais freguesias candidatar-se e há projetos diferenciadores em várias delas”. Amplificá- -los significa também realizar o objetivo principal: “Conseguirmos todos reciclar mais.”
Como Ricardo Lagoa, da SPV, explicou no programa, “a junta com o prémio vencedor vai ganhar um kit tecnológico do Gervásio. É um conjunto com computador, tablet, uma televisão grande tátil, que permita divulgar o projeto no espaço da junta, nas escolas, nas associações, através de uma pequena aplicação do Junta-te ao Gervásio com dicas de como reciclar.”
Pedro Brás, coordenador da delegação distrital de Lisboa da ANAFRE, lembrou que uma iniciativa como o Junta-te ao Gervásio mostra que “as juntas de freguesia conseguem aportar ao território um valor acrescentado com este tipo de políticas, incluindo as comunidades, desde as escolas aos cidadãos”. Questionado por Sara Santos sobre o que falta para que a reciclagem se torne um hábito como escovar os dentes, Pedro Brás reconheceu que essa “é uma pergunta para um milhão de dólares”. “Houve um período de tempo em que desinvestimos na comunicação e na informação das crianças sobre estes temas, houve um certo afastamento das escolas sobre esta matéria”, referiu. “Lembro-me de andar na escola e ser sensibilizado para a separação do lixo e levar isso para casa. Hoje retomamos novamente essas iniciativas e apostamos em trabalhar com as escolas não só naquilo que são atividades curriculares envolvendo os materiais de plástico e o cartão mas, acima de tudo, criando consciência nas nossas crianças e nos nossos jovens da importância que é fazer a separação do lixo e torná-los nos adultos responsáveis do amanhã”.
A iniciativa Junta-te ao Gervásio tem três categorias a concurso, com candidaturas abertas até dia 25 de janeiro: Cidadania Social, Entidades de Proximidade e Juntas de Freguesia. Na Cidadania Social há três prémios: o primeiro, no valor de 3000 euros; o segundo no valor de 2000 euros e o terceiro de 1500 euros. A categoria Entidades de Proximidade também apresenta três prémios: o primeiro com 5000 euros; o segundo com 2000 euros e o terceiro com 1500 euros. Para as juntas de freguesia haverá um vencedor que vai receber o Kit tecnológico do Gervásio e ainda quatro menções honrosas
O maior mito urbano: achar que não há separação do lixo
Susana Silva, da Comunicação e Sensibilização da Valorsul, que faz a valorização e o tratamento de resíduos de 19 municípios, garante que tudo está a ser feito para se cumprirem as metas europeias de Portugal em matéria de reciclagem e que não é verdade que “vá tudo para o mesmo contentor”.
Já este ano, 2025, Portugal tem de estar a reciclar, pelo menos, 65% das embalagens colocadas no mercado. Para que se cumpra essa e outras metas exigentes no quadro europeu, a Valorsul tem uma nova linha de embalagens capaz de processar mais de sete toneladas por hora de plástico e metal. Susana Silva, responsável da Comunicação e Sensibilização da Valorsul, falou com Sara Santos sobre o alcance desta missão. “A Valorsul é a maior empresa em Portugal a fazer a valorização e o tratamento de resíduos. Fazemos parte do grupo EGF, somos 11 empresas distribuídas pelo país, com a responsabilidade de fazer a valorização e o tratamento de resíduos de 19 municípios, 14 da região Oeste e cinco da Área Metropolitana de Lisboa. Na prática, representamos menos de 4% da população portuguesa, mas em termos de produção de resíduos nós valorizamos mais de um quinto dos resíduos produzidos em Portugal.”
Susana Silva lembrou que está ao dispor a Linha de Reciclagem, 800 911 400, que funciona de segunda a sexta-feira, das 9h00 às 20h00, para o cidadão esclarecer todas as dúvidas ou mitos sobre reciclagem. “Um dos maiores mitos é ‘eles não separam, aquilo vai tudo para o mesmo contentor’”, referiu. “Na prática há viaturas de recolha que são bicompartimentadas, mas o cidadão cria a ilusão, quando está junto à viatura, que vão pôr tudo no mesmo compartimento, mas não é.
Esses resíduos são encaminhados depois para as unidades de reciclagem, garantiu a responsável.
ATÉ 2025, PORTUGAL TEM DE CUMPRIR EXIGENTES METAS AMBIENTAIS. A MAIS AMBICIOSA? ENVIAR PARA RECICLAGEM 65% DE TODAS AS EMBALAGENS
A triagem das embalagens
Nos centros de triagem tudo é devidamente separado. “Na primeira fase o processo é mecânico, é automatizado, tem uma unidade de sopro que suga os sacos de plástico, um eletroíman que captura as embalagens de metal, até que depois as embalagens rolantes vão para um tapete, as planas vão para outras”, explicou Susana Silva. “E depois chega à cabine de triagem onde é efetuada uma triagem positiva e negativa porque as máquinas não são perfeitas e as nossas equipas, os operadores na triagem, fazem uma separação dessas embalagens. E depois são separadas por família, as embalagens revestidas a alumínio, como os pacotes de leite ou de sumo, depois o cartão, o vidro, que são depois encaminhados”, precisou a responsável da Valorsul.
A VALORSUL ESTÁ A PREPARAR-SE. COMO? COM UMA NOVA LINHA DE EMBALAGENS CAPAZ DE PROCESSAR MAIS DE 7 TONELADAS POR HORA DE PLÁSTICO E METAL
O processo de base é o que começa em casa, com a reciclagem doméstica dos resíduos. “Tudo começa com uma compra que deverá ser consciente: em vez de comprarmos seis garrafas de água com seis tampas, devemos comprar um garrafão com seis litros, ou usar as folhas de papel frente e verso. Depois, o cidadão ou reutiliza as embalagens ou encaminha para reciclagem e aí entram empresas como a Valorsul, que faz a recolha e a triagem das embalagens nas nossas instalações.”
Torres Vedras tem Centro para a Educação Ambiental
A presidente da Câmara de Torres Vedras, Laura Rodrigues, entrevistada no CM Regiões, garantiu que o concelho privilegia “o ambiente e a reciclagem”. Como exemplo, referiu o Centro de Educação Ambiental de Torres Vedras, “que foi, creio, o primeiro no país com um modelo quase net zero, ou seja, sem consumo de energia, sustentável”. No local, a coordenadora do Centro, Rita Ramos, explicou que “é um edifício para a sustentabilidade onde se desenvolve atividades de educação ambiental para diversos públicos, do escolar ao público em geral”.
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