Por: Maria da Conceição Marques
(colaboradora do "Memórias...e outras coisas...")
Talvez seja tarde demais
O dia vai, a noite cai,
E sempre vós e sempre nós,
E sempre a vida a separar-nos
Sempre nós a ficar sós.
Corações desamparados, antigos campos dourados,
Espigas maduras, searas ceifadas
Um sonho só de ilusões.
E há silêncio quando penso
Quando peço, quando imploro
Num desabar de frustrações.
E nestas vidraças baças
Que reflectem vidas passas,
Filhas da vida e do mundo
De um sentimento profundo,
A viver lado a lado, de mão dada com o fado
Numa ausência de alegria, vem o medo e a apatia
A desdita que antevia e em pedra me convertia.
No peito a porta trancava, para sempre
O amor que ali morava como quem ama e quem sente.
Hoje a lareira ainda arde, amanhã talvez seja tarde,
E nada possa fazer,
Ao frio que se avizinha e à porta vem espreitar.
Abro as janelas ao vento e deixo-o comigo morar.
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