A informação foi avançada, ontem, numa conferência sobre Violência e Pobreza que aconteceu na Secundária Emídio Garcia, em Bragança. O ano passado foram feitas 273 queixas, 75% de mulheres. No entanto, há cada vez mais jovens a pedir ajuda, avançou Maria Luísa Martins, psicóloga da Associação de Socorros Mútuos dos Artistas de Bragança.
“Há também cada vez mais jovens cientes desta problemática e da capacidade de denunciar. O que eu tenho visto é que há muito receio de apresentar queixa, porque pensam que como estão à responsabilidade dos pais, qualquer coisa que aconteça recai sobre os pais e quando se dá este empoderamento aos jovens, quando se lhes passa a informação de que eles são donos do seu destino, que podem dizer que não e que podem apresentar queixa, as coisas começam a mudar”, acrescentou.
Por outro lado, um estudo realizado no distrito mostrou que ainda há jovens que consideram o controlo e perseguição do companheiro um acto normal. A psicóloga considera que os jovens não estão consciencializados para uma relação saudável e, por isso, não conseguem perceber o que é bom ou abusivo.
A pobreza no distrito também esteve em cima da mesa. Quanto a dados concretos, Pedro Guerra, da Comissão Justiça e Paz da Diocese de Bragança-Miranda, entidade organizadora, explicou que não há números concretos desta problemática no distrito, mas admitiu que a pandemia veio agravar a situação.
“A única coisa boa, que por outro lado é má, é que não temos indústria, e não se reflecte tanto [a pobreza] como noutras zonas do país, porque não havendo indústria não há muitos despedimentos, não há fábricas a encerrar e logo não há um agravamento muito drástico, por não termos muita gente a ir para o desemprego”, disse.
As pessoas que vivem no distrito de Bragança, a par de quem vive em Vila Real, são das que têm o rendimento bruto mensal mais baixo do país e as mulheres são as mais afectadas, seguindo a tendência nacional, segundo Isabel Ribeiro, professora no Instituto Politécnico de Bragança.
A conferência sobre pobreza, desigualdade e violência, que aconteceu, ontem, na Secundária Emídio Garcia foi destinada à comunidade escolar alertando para estas problemáticas.
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