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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 2 de março de 2022

Casamentos de Entrudo no Nordeste Transmontano

 A tradição, de casar os solteiros no Entrudo, caiu em desuso. Não conheço nenhuma aldeia que ainda a pratique. Considero ser uma enorme perda para o Património Cultural Imaterial.

Nunca é tarde para revitalizar esta fantástica manifestação cultural.

Na véspera de terça-feira de Carnaval, por volta da meia-noite, dois grupos de homens colocavam-se nos dois pontos mais altos da localidade e, com embudes, construíam um diálogo que ecoava pelas ruas, gerando grande algazarra e entusiasmo no povo, que permanecia atento para saber quem lhe calhava em sorte. 

— Palhas alhas, leva-as o vento! Aqui se vai ordenar um casamento.
— Quem havemos de casar?
— A Maria Joaquina com o Chico ferrador.
— E o que lhe havemos de dar de dote?
— A mais fina toalha de linho, com que limpamos o cu, para eles limparem o focinho.

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— Palhas alhas, leva-as o vento! Aqui se vai ordenar um casamento.
— Quem havemos de casar?
— A menina Beatriz com o Toninho latoeiro.
— Que lhe havemos de dar de dote?
— Uma espalhadoura e um escadote.

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— Palhas alhas, leva-as o vento! Aqui se vai ordenar um casamento.
— Quem havemos de casar?
— A Sãozinha com o Paulo chocalheiro.
— O que lhe havemos de dar?
— Uma panela de pressão para com ela cozer o cabrão.

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— Palhas alhas, leva-as o vento! Aqui se vai ordenar um casamento.
— Quem havemos de casar?
— A Teresinha com o Amadeu pastor.
— O que lhe havemos de dar de dote?
— Uma panela rota, para com ela cozinhar peidos e arrotos.

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— Palhas alhas, leva-as o vento! Aqui se vai ordenar um casamento.
— Quem havemos de casar?
— A Francisquinha da vaca leiteira com o menino Alberto da farmácia.
— O que lhe havemos de dar de dote?
— Um belo penico para com ele fazer um quico.

...

— Palhas alhas, leva-as o vento! Estão feitos os casamentos. Esperamos que deem bons frutos, pelo Entrudo adentro.

Os casamentos realizavam-se em:

Abreiro, Bouça, Guide, Mosteiró, Múrias, São Pedro Velho, Vale de Gouvinhas (concelho de Mirandela);

Agrochão, Celas, Ervedosa, Vila Boa (concelho de Vinhais);

Quintanilha (concelho de Bragança);

Fornos do Pinhal (concelho de Valpaços);

Bornes (concelho de Macedo de Cavaleiros), etc.

© Teresa do Amparo Ferreira, 28-02-2022

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