Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
Biden, é hoje claro, chegou à Casa Branca, menos pelas suas qualidades e mais por ser a antítese do seu antecessor, Donald Trump. Por isso a sua popularidade é tão frágil e volátil... transformando-o num alvo e instrumento dos poderosos interesses norte americanos. Quem o ouvir falar a propósito do controlo da posse de armas e após ter retirado (de forma atabalhoada e dramática) do Afeganistão, há de pensar nele como um pacifista.
Porém, no que toca à Guerra na Ucrânia, é o melhor “embaixador” do poderosíssimo lóbi das armas do seu país. A cereja em cima do bolo vem com as declarações sobre a intervenção militar americana em defesa de Taiwan, caso a China tente reunificar o país, com recurso às armas. Os russos têm vindo a afirmar, repetitiva e enfaticamente que estão a ser alcançados os objetivos que o levou a desencadear a bárbara e desumana “operação militar especial” na Ucrânia mas, sem o afirmar, quem está a levar a bom porto todas os seus propósitos e a atingir, mais rápido e em maior nível, todos os seus objetivos, é a Administração Biden ou, melhor, a NRA. As suas declarações críticas sobre a Lei do uso de armas, mais não passam do que a óbvia oposição a Trump (obrigatórias porque fazem parte do DNA democrata e porque evidenciam a sua “única” qualidade – a de ser anti-trumpista) se vistas criticamente, mais não são que propostas de mera cosmética.
Já no que toca à guerra europeia foi sempre muito assertivo (mesmo quando parecia “apenas” desastrado) empurrando Putin para a invasão (quando o Kremlin ainda a negava, ficando sem possibilidade de recuo depois da publicação de informações “secretas”) e garantindo a sua prolongação no tempo (exigindo que Zelensky não se sente à mesa das negociações sem a retirada total e completa do exército vermelho, enquanto vai fornecendo, a conta-gotas e com sofisticação crescente, material bélico ao país invadido) proporcionando aos fabricantes de armas americanos um palco de demonstração prática da eficácia, poder e eficiência dos seus produtos marciais.
Qualquer que seja o desfecho da guerra na Europa, muitos são os perdedores mas há já dois vencedores antecipados: A NATO e os EUA. A NATO aumenta a sua influência, alarga o seu domínio geográfico e já está a exigir não só o aumento das despesas militares em todos os estados membros, como igualmente as contribuições individuais para os cofres da Aliança. Em consequência direta, os industriais de armamento americano vão aumentar, consideravelmente, as suas vendas e, logicamente, os seus avultados lucros.
Os vários embargos enfraquecem a Rússia enquanto fortalecem os produtores de cereais e outras comodidades, do outro lado do Atlântico. A fatura de tudo isto e da necessária reconstrução depois do arrasamento levado a cabo pelos militares. A grande fatia do custo vai sair dos contribuintes europeus.
O que os americanos gastam agora... hão de vir buscá-lo, mais tarde e com juros.
José Mário Leite, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia) e A Morte de Germano Trancoso (Romance), Canto d'Encantos (Contos) tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.
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