Número total de visualizações do Blogue

Pesquisar neste blogue

Aderir a este Blogue

Sobre o Blogue

SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 22 de junho de 2022

Capa de Honras Mirandesa – Miranda do Douro


A “Capa de Honras” Mirandesa é uma peça de artesanato muito “sui generis” do planalto Mirandês, que tem por finalidade proteger os “boieiros” (guardadores de vacas) e pastores de todas as intempéries nos meses mais rígidos, nomeadamente no Inverno.

Como é uma das peças de artesanato mais ilustres do planalto Mirandês, como é óbvio, é indispensável a sua utilização em qualquer tipo de cerimónias, sejam de que índole forem.

É uma peça com grande valor etnográfico e que requer um trabalho minucioso por parte do artesão devido à sua grande complexidade.

Em terras de Miranda [Trás-os-Montes e Alto Douro] diz a sua gente: “Há nove meses de Inverno e três de inferno“. O clima é áspero e variável, a paisagem agreste, apenas convidativa na Primavera e em alguns dias de Outono. No resto, tocam-se os extremos do frio e do calor.

Por isso, o homem que tem vivido nesta terra criou a sua maneira de vestir para se defender no trabalho do campo, destes dois extremos.

A sua vida toda ela de natureza agro-pecuária, levou-o a criar os trajes de certa maneira austeros, simples e belos, artesanais e domésticos, feitos à base dos recursos locais, o linho e a lã (burel).

É, pois, feita de lã, fiada, urdida, tecida e pisoada (pardo-burel) a Capa de Honras Mirandesa.

É uma das peças do trajo popular português, pesada, a mais imponente e a mais antiga.

Origem

Deve ter tido origem na capa de “Asperges” gótica, de raiz medieval de algum mosteiro Leonês.

“Muito ornamentada de lavores nas bandas, gola – carapuça sui generis e rabicho que, por detrás, pende até meio dela, dando ao todo o aspecto de capa de asperges eclesiástica medieval”, como observa Trindade Coelho. É parecida com a Capa de Burel de Aliste mais rica e mais solene.

Como diz Ernesto Veiga de Oliveira, “Vemos em terra de Miranda numa categoria à parte a capa de honras, em Burel, a mais nobre peça do nosso traje popular, de capuz, honra e aletas, com aplicações recortadas e ponteadas, em cuja confecção se chegavam a gastar 60 dias e mais“.

De cor castanha, fabrico caseiro, ainda hoje se confecciona em Constantim (Miranda do Douro) e é utilizada por individualidades em actos célebres e por pastores e lavradores desta região transmontana, principalmente no Inverno.

De notar que cabeção “HONRA“, pala, orlas das abas e da racha, atrás são ornadas com aplicações de burel finamente recortadas, cosidas à mão sobre o fundo intermédio de tecidos de lã preto.

O cabeção e a honra rematam em franja. A pala do capuz é debruada por uma barra de tecido de lã preta.

O nome “HONRA” não provém unicamente do seu uso por pessoas mais ricas e nobres, mas sim por muito trabalhada.

Antigamente e nos tempos de hoje

Antigamente era usada pelas pessoas que possuíam um estatuto social mais elevado, “mais ricas”. Era um traje domingueiro. Ao longo dos tempos passou a ser usada por pastores e lavradores da região.

Hoje verifica-se grande procura por pessoas de fora e autóctones, o que vem confirmar a admiração, riqueza e beleza desta preciosidade do artesanato português.

Como se pode constatar por esta descrição pormenorizada isto premeia a grande dedicação, rigor e mesmo grande imaginação por parte do artesão.

Isto faz com que seja uma peça de artesanato de grande exemplar da cultura portuguesa e além disso constitui um grande orgulho do artesão.

Domingos Raposo

Sem comentários:

Enviar um comentário