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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Roteiro pela arte e tradição da Terra Quente Transmontana

 Os produtos e as paisagens habitadas por orgulhosos transmontanos chamam para um roteiro em que se pode conhecer histórias de tradições e inovação e locais ainda escondidos.

Terra Quente Transmontana (Fotografia de Pedro Granadeiro/GI)

Antes de abrir a loja de produtos tradicionais que hoje faz sucesso no centro de Mirandela, José Beça trabalhava como arquiteto. Tirou o curso no Porto e exerceu no Mogadouro e em Mirandela. Mas o gosto pela “identidade transmontana” fê-lo traçar outro caminho. Em 2018, inaugurou o MERCADO DO ZÉ, num local privilegiado, mesmo em frente ao Rio Tua e perto da ponte medieval da cidade.

Aqui, pode encontrar-se grande variedade de produtos, seja para comer – pães, alheiras, presuntos, queijos, azeites, mel, frutos secos – sejam utensílios para a casa e cozinha. José fez um levantamento dos artesãos de Trás-os-Montes para conseguir ter disponíveis os seus produtos. Grande parte do que está disponível são, então, utensílios que remetem para a região, como panelas de três pernas de ferro fundido, chávenas de esmalte, cutelaria de Palaçoulo, tapeçaria artesanal, cestaria, capas, samarras, casacos de burel e botas de pastor. Outra das grandes paixões de José é o vinho, o que se pode confirmar pela imensa garrafeira da loja, totalmente dedicada aos vinhos de Trás-os-Montes e Douro.

É ele também que faz a curadoria dos vinhos para a GALERIA DO MERCADO. Esta fica no Mercado Municipal, a apenas cinco minutos do Mercado do Zé. O projeto de Marta Miranda, com João Sá e Sérgio Figueiredo, nasceu pela vontade de dinamizar o mercado tradicional com algo “diferente”. Marta, professora e museóloga, começou a pensar na ideia durante a pandemia, com o objetivo de “dar visibilidade aos artistas e artesãos da região”, conta. Mas esta galeria não é apenas um espaço expositivo. É também uma loja de autor e tem servido para pôr artesãos, muitos deles com idade avançada, a criar novamente. Para expor, convidam artistas também da região. Atualmente, é possível ver as esculturas de Otávio Marrão, natural de Baçal (Bragança). Com alguma frequência há outras atividades, como workshops ou concertos. E sempre que há uma inauguração, é também apresentada uma marca de vinho, escolhida por José Beça, e que fica disponível na loja da galeria.

O lugar de Romeu

Mirandela não é só a cidade. À sua volta, há muito para fazer e conhecer, sempre com o produto regional e a tradição como fio condutor. No lugar de Romeu, o restaurante MARIA RITA é disso um exemplo. Parte de um projeto maior – a Quinta do Romeu – a história do estabelecimento remonta ao século XIX e vai buscar o nome à estalajadeira que abrigou Clemente Menéres, quando este lá chegou, vindo do Porto, em 1874. João Menéres, trineto de Clemente, conta que o trisavô, natural da Feira, começou por exportar “vinhos fortificados, azeite e cortiça. Alguém lhe disse que por ali havia muitos sobreiros e na altura veio à procura de cortiça”, diz.

Na verdade, existia uma grande mancha de sobreiros, mas não havia exploração comercial de cortiça. Clemente Menéres decidiu, então, comprar as terras de sobreiros e começar a extração, o que podia fazer três meses durante o ano. “Teve de arranjar outras formas de rentabilizar e ter trabalho para a população durante o ano inteiro.” Comprou vinha, replantou olival, tudo em mosaico entrelaçado, e em modo biológico, que ainda hoje se mantém. Por isso, da quinta sai o azeite Romeu e os vinhos, todos disponíveis no restaurante.


Este, tal como é hoje, data dos anos 1960. Foi quando o Manoel Menéres, filho de Clemente, restaurou a estalagem da Maria Rita, que deu abrigo e comida ao pai quando este pela primeira vez ali foi. O restaurante abriu em 1966, servindo as receitas da família. “A carta mantém-se inalterada desde essa época, com o receituário do meu bisavô”, conta João. Os pratos mais famosos da casa podem ser provados no Menu 7 Maravilhas (com que foi ao concurso As 7 Maravilhas à Mesa, em 2018, tendo sido um dos vencedores). Inclui os clássicos tostadinhos de alheira de Mirandela, o bacalhau à Romeu e a sopa seca, um cozido que vai ao forno, feito com carne de vaca e carne de fumeiro, várias hortaliças e pão.

Mesmo ao lado do restaurante está a MATA DO QUADRASSAL. Inserida na Quinta do Romeu, integra a Rede Natura 2000 e tem percursos sinalizados, para fazer a pé ou de bicicleta e por onde se passa na antiga fábrica das rolhas da família Menéres, desativada.

A Portugal NTN organiza caminhadas guiadas pela mata. O passeio dura seis horas e 45 minutos (a caminhada, duas horas e 45 minutos), inclui almoço no restaurante e visita ao Museu da Oliveira e do Azeite, em Mirandela.

Água na Terra Quente

A Terra Quente Transmontana inclui cinco municípios: além de Mirandela, Alfândega da Fé, Carrazeda de Ansiães, Vila Flor e Macedo de Cavaleiros. É neste último que se encontra a ALBUFEIRA DO AZIBO, que integra a bacia hidrográfica do rio Sabor. Criada para fins agrícolas, a albufeira data do final da década de 1970. Desde 1999 que é Paisagem Protegida. Parte dela pode ser conhecida num passeio de barco movido a energia solar pela Sun Cruzeiro Azibo (que pode incluir provas de vinhos). Durante o passeio, passa-se pela Garganta do Diabo, uma composição rochosa de origem vulcânica, e também se podem observar várias aves aquáticas e outros animais. À volta da grande albufeira há também uma ciclovia, com quase 16 quilómetros e ainda mais cinco trilhos para percorrer a pé.

E se a Albufeira do Azibo é já bem conhecida e destino de férias e fins de semana de muita gente, o mesmo não se pode dizer dos LAGOS DO SABOR, a 50 quilómetros de distância. Os lagos nasceram aquando da construção da Barragem do Baixo Sabor, inaugurada em 2016. Veio mudar a paisagem, criando três lagos interligados. É aqui, em Cerejais, no concelho de Alfândega da Fé, que se encontram três barcos-casa onde se pode ficar. Integrados na QUINTA DO CORÇO, projeto de Sónia Cipriano e Ricardo Neto, os barcos foram desenhados pelo próprio Ricardo, engenheiro mecânico que tinha já vasta experiência náutica. Este hotel flutuante tem três casas, todas elas com quarto e sala com cozinha, e uma parede de vidro virada para a imensidão do lago e das encostas transmontanas.

FICAR NA RIBEIRA HOUSE

Naturais de Mirandela, Cristina Gomes e o marido Paulo Valbom desenharam o projeto da Ribeira House ainda em 2017. Adquiriram uma das casas que tinha das primeiras residenciais de Mirandela, a Duques de Bragança e depois a outra ao lado, um edifício de serviços públicos de água, tudo na Rua da República, a mais antiga da cidade. Esta rua tem uma construção muito característica porque foi desenhada pelo arquiteto mirandelense de destaque, Albino Mendo. Quando se passa a fachada de elementos industriais, há uma surpresa: um grande jardim, com piscina, estende-se nas traseiras, local ideal para “as pessoas desligarem, com conforto e algum requinte”, diz Cristina. O alojamento tem disponíveis programas à medida, como passeios de bicicleta, programas no rio ou caminhadas.

COMER NA FLOR DE SAL

Tradição e diversidade são as características deste restaurante que é uma autêntica varanda sobre o Tua e o centro histórico de Mirandela, no outro lado do rio. Inaugurado há duas décadas, soube renovar-se e, lado a lado com clássicos transmontanos, como a famosa posta, as alheiras e pratos de bacalhau, tem também sushi. Além de restaurante, tem um bar-lounge com diversidade de bebidas, incluindo cocktails e muitos snacks.

Luísa Marinho

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