No sábado, a data foi comemorada, em Podence, com várias iniciativas, uma delas a abertura de uma oficina. Ali as pessoas vão poder fazer máscaras, explica António Carneiro, presidente da Associação Grupo de Caretos de Podence. “É uma forma de os mais jovens se interessarem por fazer máscaras, por fazer os trajes. Acho que é bom para Trás-os-Montes, que cada vez tem menos gentes, mas são estas iniciativas, estas dinâmicas, de um património que esteve quase perdido e que hoje é uma tradição viva e da identidade de Trás-os-Montes”, referiu, acrescentando que para já ainda não está definido o horário de funcionamento da oficina, mas o objectivo é que qualquer visitante possa visitar e participar.
Carolina Policarpo pôde fazer a sua própria máscara na oficina do Careto. Nunca tinha ido a Podence, mas fez questão de visitar a aldeia precisamente no dia das comemorações e mostrou-se muito agradada. “Sou portuguesa moçambicana. Cresci em Moçambique e estou em Portugal de passagem, a visitar a família. É a primeira vez que conheço Podence. Acho interessante terem aberto a oficina. Não vivo cá, mas acho que é muito bom para a juventude da região”, salientou.
Com fatos coloridos, feitos de lã, máscara na cara e chocalhos à cintura, os Caretos de Podence saem à rua no Carnaval, para conviverem e chocalharem as mulheres. O jovem Leonardo Saldanha é um dos que veste a pele de Careto. O selo da UNESCO veio trazer reconhecimento, mas a essência mantém-se. “Ficámos muito mais conhecidos, mas para nós é tudo igual. Nascer nesta tradição é uma coisa diferente, é uma coisa boa, só quem está cá é que sabe o que é viver isto”
Durante as comemorações foi ainda apresentado o livro “SER CARETO RUMO À UNESCO”, de António Carneiro. Conta o testemunho de várias pessoas que viveram e vivem a tradição.
Foi também inaugurada uma exposição de fotografia, no Museu do Careto, da autoria de Rui Rodrigues. Para fazer o trabalho fotográfico, o jovem macedense teve de sentir na pele o que é ser careto. “Sou de Macedo de Cavaleiros e a convite do António Carneiro, quando lhe perguntei se podia usar a imagem dos caretos para fazer este trabalho, foi aí que me convidou para vestir o fato. Foi aí que percebi o que era ser careto, porque só vir fazer as fotografias não é a mesma do que vestir a pele de careto, saber o que vai fazer”, contou.
No sábado foi ainda apresentado o chocolate Caretos de Podence, da “Avianense” e descerrada uma placa comemorativa. As comemorações terminaram com animação e queima.
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