Por: Paula Freire
(colaboradora do Memórias...e outras coisas...)
Há silêncios que gritam mais alto do que palavras. Os que te desenham na alma as marcas invisíveis onde o desalento finca raízes.
Há pesos que não são visíveis…
E há momentos em que o peso fere.
Não é fraqueza reconhecer que dói - é destemor. O atrevimento de olhar para a alma ferida, o coração cansado… Entregar energia a quem te devolve sombras. Carregar bagagens que não te pertencem. Gestos vazios como tempestades em noites sem estrelas.
Amamos mal. Primeiro aos outros, depois a nós mesmos.
E o coração aprende a bater com cuidado…
Mas a felicidade não é ausência de dor. São os que carregam cicatrizes que melhor entendem a vida.
E a vida - esse mistério infinito - não espera perfeição.
Pede apenas que sejamos inteiros. Que as pedras não nos roubem a vontade de nos levantarmos, que os desertos não apaguem a memória de como é o correr da água.
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Pergunta-te: e se a maior força estiver em aceitares a fragilidade?
E se o que magoa não for castigo, mas a prova de que ainda estás vivo?
A tua alma não é pequena porque sofre.
É vasta porque sente!
E é imensa porque escolhe, todos os dias, continuar.
Continuar a escrever no desabitado uma nova narrativa,
com páginas onde a coragem é protagonista.
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Por isso, que a faísca da pequena luz, mesmo tímida, te ilumine.
Tenta outra vez. Por ti.
E recomeça.
Porque recomeçar não é apagar o que passou,
é aprender com as lembranças do que te rasga, a escolher algo novo.
É limpar o coração dos venenos,
e vê-lo a erguer-se de uma terra onde não precisas de aplausos.
Não precisas de permissão.
Precisas apenas do que está aí dentro:
o arrojo de seres absoluto, mesmo quando nada parece suficiente.
A bravura de dizeres não ao que te mata.
Paula Freire - Natural de Lourenço Marques, Moçambique, reside atualmente em Vila Nova de Gaia, Portugal.
Com formação académica em Psicologia e especialização em Psicoterapia, dedicou vários anos do seu percurso profissional à formação de adultos, nas áreas do Desenvolvimento Pessoal e do Autoconhecimento, bem como à prática de clínica privada.
Filha de gentes e terras alentejanas por parte materna e com o coração em Trás-os-Montes pelo elo matrimonial, desde muito cedo desenvolveu o gosto pela leitura e pela escrita, onde se descobre nas vivências sugeridas pelos olhares daqueles com quem se cruza nos caminhos da vida, e onde se arrisca a descobrir mistérios escondidos e silenciosas confissões. Um manancial de emoções e sentimentos tão humanos, que lhe foram permitindo colaborar em meios de comunicação da imprensa local com publicações de textos, crónicas e poesias.
O desenho foi sempre outra das suas paixões, sendo autora das imagens de capa de duas obras lançadas pela Editora Imagem e Publicações em 2021, “Cultura Sem Fronteiras” (coletânea de literatura e artes) e “Nunca é Tarde” (poesia), e da obra solidária “Anima Verbi” (coletânea de prosa e poesia) editada pela Comendadoria Templária D. João IV de Vila Viçosa, em 2023. Prefaciadora dos romances “Amor Pecador”, de Tchiza (Mar Morto Editora, Angola, 2021), “As Lágrimas da Poesia”, de Tchiza (Katongonoxi HQ, Angola, 2023), “Amar Perdidamente”, de Mary Foles (Punto Rojo Libros, 2023) e das obras poéticas “Pedaços de Mim”, de Reis Silva (Editora Imagem e Publicações, 2021) e “Grito de Mulher”, de Maria Fernanda Moreira (Editora Imagem e Publicações, 2023). .Autora do livro de poesia Lírio: Flor-de-Lis (Editora Imagem e Publicações, 2022).
Em setembro de 2022, a convite da Casa da Beira Alta, realizou, na cidade do Porto, uma exposição de fotografia sob o título: "Um Outono no Feminino: de Amor e de Ser Mulher".
Atualmente, é colaboradora regular do blogue "Memórias... e outras coisas..."- Bragança e da Revista Vicejar (Brasil).
Há alguns anos, descobriu-se no seu amor pela arte da fotografia onde, de forma autodidata, aprecia retratar, em particular, a beleza feminina e a dimensão artística dos elementos da natureza.
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