Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
Ao declarar que não gostou das imagens das dezenas de imigrantes perfilados e de mãos contra a parede, no Martim Moniz, Luís Montenegro tentou emendar a mão sobre a associação entre insegurança e imigração que, direta e indiretamente, ele e vários membros do seu governo fizeram, nos últimos dias, mesmo que, igualmente, o Primeiro Ministro venha agora a renegar tal cedência aos movimentos de extrema-direita.
E o erro começa, precisamente, aí.
Porque, em primeiro lugar, ir atrás de quem quer que seja, não confere, só por isso, qualquer liderança. Ir atrás é ir atrás. É ir depois. É dar a primazia a quem definiu a rota.
É óbvio e elementar que todas as “concessões” feitas a reboque e ao abrigo de bandeiras alheias, dificilmente se traduzirão em ganhos eleitorais. Pelo contrário, o resultado é exatamente o oposto. Quem concorda com o conteúdo das mesmas percebe que, não fazendo parte do programa do Governo, este apenas se adentra por tal caminho por pressão de outra força política. Tendo surtido resultado, para que continue a tê-lo, a ação lógia não é mudar de campo mas, pelo contrário, reforçar quem de facto faz acontecer. Mas quem não concorda com tais cedências e, felizmente, ainda é a maioria, não pode deixar de se sentir frustrado pelo facto de uma força política, ainda que sem maioria absoluta, mas, com a maior adesão nacional, e, não é de somenos, estar fortemente alavancada na cadeira do poder, ser incapaz de resistir à pressão de uma outra que, apesar de ser sendo grande e estar em crescendo, ainda é e, provavelmente, continuará a ser, largamente minoritária.
Mas, mesmo que assim não fosse.
Mesmo que a bandeira fosse efetivamente roubada e fosse percebida (vivemos no tempo em que o que mais conta são as perceções) como integrante da força política que sustenta o governo, dificilmente tal, só por si, garantiria um aumento da base eleitoral. Porque seria ingénuo pensar que, cedida uma “causa” para um competidor, quem a lançou ficaria estático a ver fugirem-lhe apoiantes. De forma alguma. Pelo contrário. A adoção de medidas extremistas por forças tidas como moderadas só faz “deslocar” a base política para os extremos abrindo, de imediato, espaço para novas reivindicações. Igualmente populistas, igualmente defensáveis quem brilha e explora, com mestria a demagogia e o primarismo. E, sendo assim, o que vai fazer a seguir a AD? Continuar a ir atrás do populismo demagógico? Mesmo que consiga alguns ganhos de causa, nesse campo, esta deslocação vai, necessariamente, abrir um buraco, ao centro onde os desiludidos e desapontados serão, sem grande esforço, conquistado pelas forças à sua esquerda.
É a síndrome da fotocopiadora. Quem valoriza a fotocópia deixa que o original para quem privilegie a genuinidade e autenticidade. Que, mais tarde ou mais cedo, trará ganhos reais e duradouros. Cópias há muitas. Mais ou menos fidedignas, Originais, só um.
Acresce que Portugal precisa, como nunca, de imigrantes. Por causa do déficit geracional. Por causa do crescente turismo. E, igualmente, para poder executar razoavelmente o PRR. Mesmo que outras razões não houvesse, estas seriam suficientes, para manter e melhorar o bem-estar da população, incluindo aquela que, teimosamente, ignora e nega esta evidência.
E o erro começa, precisamente, aí.
Porque, em primeiro lugar, ir atrás de quem quer que seja, não confere, só por isso, qualquer liderança. Ir atrás é ir atrás. É ir depois. É dar a primazia a quem definiu a rota.
É óbvio e elementar que todas as “concessões” feitas a reboque e ao abrigo de bandeiras alheias, dificilmente se traduzirão em ganhos eleitorais. Pelo contrário, o resultado é exatamente o oposto. Quem concorda com o conteúdo das mesmas percebe que, não fazendo parte do programa do Governo, este apenas se adentra por tal caminho por pressão de outra força política. Tendo surtido resultado, para que continue a tê-lo, a ação lógia não é mudar de campo mas, pelo contrário, reforçar quem de facto faz acontecer. Mas quem não concorda com tais cedências e, felizmente, ainda é a maioria, não pode deixar de se sentir frustrado pelo facto de uma força política, ainda que sem maioria absoluta, mas, com a maior adesão nacional, e, não é de somenos, estar fortemente alavancada na cadeira do poder, ser incapaz de resistir à pressão de uma outra que, apesar de ser sendo grande e estar em crescendo, ainda é e, provavelmente, continuará a ser, largamente minoritária.
Mas, mesmo que assim não fosse.
Mesmo que a bandeira fosse efetivamente roubada e fosse percebida (vivemos no tempo em que o que mais conta são as perceções) como integrante da força política que sustenta o governo, dificilmente tal, só por si, garantiria um aumento da base eleitoral. Porque seria ingénuo pensar que, cedida uma “causa” para um competidor, quem a lançou ficaria estático a ver fugirem-lhe apoiantes. De forma alguma. Pelo contrário. A adoção de medidas extremistas por forças tidas como moderadas só faz “deslocar” a base política para os extremos abrindo, de imediato, espaço para novas reivindicações. Igualmente populistas, igualmente defensáveis quem brilha e explora, com mestria a demagogia e o primarismo. E, sendo assim, o que vai fazer a seguir a AD? Continuar a ir atrás do populismo demagógico? Mesmo que consiga alguns ganhos de causa, nesse campo, esta deslocação vai, necessariamente, abrir um buraco, ao centro onde os desiludidos e desapontados serão, sem grande esforço, conquistado pelas forças à sua esquerda.
É a síndrome da fotocopiadora. Quem valoriza a fotocópia deixa que o original para quem privilegie a genuinidade e autenticidade. Que, mais tarde ou mais cedo, trará ganhos reais e duradouros. Cópias há muitas. Mais ou menos fidedignas, Originais, só um.
Acresce que Portugal precisa, como nunca, de imigrantes. Por causa do déficit geracional. Por causa do crescente turismo. E, igualmente, para poder executar razoavelmente o PRR. Mesmo que outras razões não houvesse, estas seriam suficientes, para manter e melhorar o bem-estar da população, incluindo aquela que, teimosamente, ignora e nega esta evidência.
José Mário Leite, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia), A Morte de Germano Trancoso (Romance) e Canto d'Encantos (Contos), tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.
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