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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 16 de outubro de 2025

A propósito do «falar mal Português» (sou “munta tchato co ez’ta cousa de que falemos male”...)

(Foto: Georges Dussaud)

 Imaginem que estão em Barcelona, uma cidade fantástica. E que um natural daí, um «barcelonés», se vos dirige na sua língua materna, que não é o Castelhano, mas sim o Catalão, nestes termos:

«M'agradaria parlar amb vosaltres. A tots vull dir que no parlem malament el portuguès, només parlem un idioma diferent». 

Na eventualidade de os leitores desconhecerem o idioma, já será feita a tradução, de seguida, embora qualquer «tradutor» possa ajudar, mesmo não sendo fidedigno. Alguns, seguramente, conhecerão bem o Castelhano, vulgarmente designado como Espanhol. Apesar de algumas semelhanças, o Catalão dele se distingue claramente. Desafio-vos a imaginar um cidadão espanhol, exterior à Catalunha, afirmando que o texto que acima partilhei, está mal escrito em Castelhano (Espanhol). Pois claro que está! Porque Castelhano não é...

A tradução do texto, em Português, é a seguinte: «Gostaria de falar convosco. A todos quero dizer que não falamos mal Português, apenas falamos um idioma diferente».

Recorrendo ao Mirandês, a tradução será esta: «Gustarie de falar cun bós. A todos quiero dezir que nun falamos mal Pertués, solo falamos ua lhéngua defrente».

Se for mais longe, e caso recurso faça à forma singular como a minha avó falava, numa aldeia do concelho de Macedo, ela dir-me-ia algo semelhante a isto, sem relevar os fenómenos fonológicos da pronúncia «cerrada»: «Gustaria de falar cumbosco. A todos quero dizere que num falemos mal Português, só falemos ua língua difrente». 

Estas duas últimas traduções estão feitas num idioma Ásturo-Leonês, ou numa sua derivação, não na nossa língua nacional, do ramo do Galego-Português. 

Todavia, um português exterior à nossa zona de abrangência do Ásturo-Leonês, ou dos seus familiares «dialectos», dirá que o texto está, nas duas alternativas, mal escrito em Português. E está! Porque Português não é! Aliás, bem vistas as coisas, o texto original, em Catalão, também está mal escrito em Português… Para bom entendedor...

Nós não somos a «terra da pronúncia estranha» ou onde «se fala mal Português». Nós somos a terra das duas línguas! Este que escreve, com toda a humildade, não fala ou escreve mal em Português, a «língua fidalga». Mas “tamém num fala male a língua tcharra. O que é ua bantaige”! 

Se pensarmos bem, até é “ós contra”: os que apenas falam a «língua fidalga» é que «falam mal a língua charra»! Não somos nós, os duplos falantes, que o fazemos! Nós, “im beze” de nos sentirmos “piquerrutchos”, ou afectados com o estigma do «falar mal Português», deveríamos sentir “proa” em ser poliglotas. Tenho imensa “proa” em ser poliglota! 

O leitor ou a leitora não têm?

Rui Rendeiro Sousa

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