O Lobo Ibérico

Carnívoro de grande porte, esquivo e perseguido, predador, sobretudo dos animais domésticos quando desce aos povoados, o lobo ibérico é uma variedade de lobo europeu, antigamente espalhado por toda a Espanha e Portugal. Agora quase toda a população vive no Noroeste espanhol e no Nordeste português. Mais uma raça em vias de extinção…

É o maior canídeo selvagem. Perseguidos por agricultores e caçadores que não gostam de os ver caçar animais domésticos e outros animais selvagens por causa da caça, vão-se extinguindo sobretudo por, eles próprios, serem caçados e envenenados. Um atentado também ao ecossistema em que se inserem. O lobo ibérico é, assim, mais uma vítima do homem.
Trata-se de uma espécie que vive em alcateias formadas por três a oito exemplares. Cumprem uma hierarquia de poder, sendo que existe um par dominante (par alfa). Habitam zonas humanamente pouco frequentadas, mas com grande actividade pecuária e de topografia acidentada.
O lobo ibérico tem uma actividade sobretudo nocturna e é capaz de percorrer, num só dia, entre 20 e 40 quilómetros, em busca de uma presa (leia-se comida), geralmente mamíferos de médio e grande porte.
Sendo um animal de carácter esquivo e hábitos nocturnos, é muito difícil encontrá-lo ou vê-lo e, quando tal sucede, é mesmo por sorte. No entanto, é possível encontrar sinais da sua presença pela observação de dejectos, que têm cores variadas e um odor característico. Habitualmente detectam-se no solo ou em pequenos arbustos ao longo de caminhos ou encruzilhadas. As pegadas são parecidas com as dos cães mas formam uma linha recta. Por outro lado, os restos das suas presas são diferentes de quando são atacadas por cães.

Reprodução e características:
Os lobos ibéricos acasalam para toda a vida e somente o par alfa se reproduz. A maturidade sexual acontece entre os dois e os três anos de idade e só se reproduzem uma vez por ano, no fim do Inverno ou no início da Primavera, com os nascimentos a ocorrerem, em geral, em Maio ou Junho.
As ninhadas têm três e oito lobitos que nascem com os olhos fechados e necessitados dos cuidados dos pais. Em Outubro as jovens lobos saem das zonas de criação e aprendem a caçar.
Com a parte anterior do corpo bem desenvolvida e a região lombar forte, arredondada e ligeiramente encurvada, os lobos ibéricos apresentam as patas dianteiras ligeiramente maiores do que as posteriores.
Possuidores de uma cauda espessa, quase sempre pendente entre os membros posteriores, quando se desloca, apresentam uma cabeça volumosa e alongada, de aspecto maciço e um focinho largo.
As orelhas são rígidas e triangulares, relativamente curtas e pouco pontiagudas, enquanto os olhos, virados para a frente, são oblíquos em relação ao focinho e possuem cor de topázio.
Mais compridos do que os cães grandes e com membros correspondentes, mas estreitos e fortes e com patas grandes, têm, na generalidade dos casos o pêlo castanho claro, mesclado de mais escuro. Na zona da garganta a pelagem tem um tom avermelhado e amarelado, como se de um cachecol se tratasse. O pescoço é da cor do dorso, é marcado por uma lista negra, que se estende até à cauda.
A pelagem de Inverno é mais escura e densa do que no Verão.
As ameaças:

O lobo ibérico está classificado como uma espécie Vulnerável, de acordo com a Red List of Threatened Animals da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Encontra-se protegido pela Convenção Relativa à Conservação da Vida Selvagem e dos Habitats Naturais da Europa (Anexo II Convenção de Berna, 1979), pela Convenção que regulamenta o Comércio de Espécies Selvagens (CITES - Anexo II A).
Em Portugal tem o estatuto de espécie Em Perigo (EN), na qual se incluem as que enfrentam um risco muito elevado de extinção na natureza. De acordo com a Lei n.º 90/88 de 13 de Agosto (Dec-Lei 139/90 de 27 de Abril), é totalmente protegido, sendo «proibido o seu abate ou captura, a destruição ou deterioração do seu habitat e a sua perturbação em especial durante os períodos de reprodução e dependência» (Artigo 1º, alíneas a, b e c).
Em Espanha é considerado Vulnerável de acordo com a Lista Roja de los Vertebrados de España (ICONA, 1986).
Perseguido directamente por pastores, agricultores e caçadores, as suas crias selvagens são, com frequência exterminadas, o que provoca a extinção da raça. Esta situação é agravada pela fragmentação e destruição do seu habitat, substituído pela construção de grandes infra-estruturas viárias.
A diminuição do número de ungulados silvestres (corço e veado) levou a que este predador tivesse que recorrer aos animais domésticos como recurso alimentar. Assim, os lobos ibéricos são obrigados a procurar rebanhos o que, inevitavelmente, os leva a ser caçados pelos pastores, apesar de as leis o proibirem.

in:sexoforte.net