Número total de visualizações do Blogue

Pesquisar neste blogue

Aderir a este Blogue

Sobre o Blogue

SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Arte de seda em Freixo de Espada à Cinta

Bordados em seda, arte ancestral
de Freixo de Espada à Cinta
A transformação, por processos ancestrais, do casulo do bicho-da-seda em fio natural, tem ocupado muitas gerações de artesãos em Freixo de Espada à Cinta. A Sericicultura, como se chama o processo de produção da seda, é uma actividade que já teve um peso relevante na economia deste concelho transmontano, de onde saem atraentes bordados manuais. Uma actividade que, hoje, encontra apoios numa Associação de defesa do artesanato local.
«O bicho-da-seda e a respectiva extracção desta matéria-prima por processos ancestrais e artesanais é uma arte tradicional», contou Susana Martins, responsável pela administração da Associação para o Estudo, Defesa e Promoção do Artesanato de Freixo de Espada à Cinta (AEDPA). Criada há 26 anos, a Associação tem vindo a desenvolver o processo de produção de seda, a sericicultura, de um modo totalmente artesanal. «Aqui em Freixo, todos nos orgulhamos desta arte, os mais novos chegam mesmo a pedir larvas, alimentam-nas, e depois trazem-nas aqui quando já estão em casulo. Todos nos envolvemos», narrou vivamente Susana.
Quando a larva se fecha sobre si mesma
O desafio da Associação começa quando as larvas nascem. Por esta altura medem pouco mais do que um milímetro e requerem muito alimento para ganharem peso. «As folhas de amoreira são o seu único alimento, e têm de ser novas todos os dias, porque os bichinhos não as comem de um dia para outro», explicou Susana. Enquanto cresce, o bicho-da-seda passa por quatro fases de desenvolvimento, sendo a última o processo de libertação de todas as impurezas do seu corpo. «Neste momento, segrega uma baba, filamentosa e brilhante, que origina o casulo», acrescenta, entusiasticamente, a nossa interlocutora. A Associação tem aqui um papel importante porque possibilita que o casulo se desenvolva em boas condições, colocando ramos de arçãs que servem de suporte aos casulos. O bicho-da-seda fica fechado sobre si mesmo cerca de 15 dias. «Por esta altura temos de ter o cuidado de não deixar a borboleta nascer, porque o líquido que deita para furar o casulo e voar, danifica-o». De resto, a borboleta apenas nasce para reproduzir, colocando 400 a 500 ovos que viabilizam a continuação desta arte ancestral.
Um casulo, um delicado fio de seda
Casulos do Bicho-da-seda
«Todo o processo é artesanal e com recurso a material de madeira, excepto o recipiente onde conseguimos o fio», disse Susana. O fio de seda é então obtido «mergulhando os casulos numa caldeira de cobre com água a ferver e com a ajuda de um raminho de carqueja», acrescentou a responsável pela AEDPA. Cada casulo dá origem a um fio de seda que segue para o sarilho, um instrumento rotativo que enrola cada um dos fios produzindo um só. «Mesmo antes de ser usado, o fio é cozido em água a ferver com sabão durante cerca de uma hora, para branquear», comentou Susana, acrescentando em tom de alerta: «mas se o casulo tiver sido perfurado pela borboleta então tem de ficar a cozer quatro horas. Consegue-se uma seda de segunda qualidade, chamada maranhos», concluiu. Terminada a extracção da seda, as cerca de seis artesãs que trabalham na AEDPA bordam, em relevo, linho, algodão, entre outros materiais. As mãos hábeis originam desenhos perfeitos que resultam da imaginação fortalecida pelos anos de vida. «As nossas artesãs fazem colchas, almofadas, panos, porta-talheres e muitas outras coisas que temos expostas». O espaço que alberga a Associação de Estudo, Defesa e Promoção do Artesanato da vila transmontana está aberto ao público, que pode ver de perto os bichos-da-seda, os casulos e a extracção da seda. «Aqui vendemos também os nossos trabalhos e, sempre com o apoio da Câmara de Freixo de Espada à Cinta, deslocamos-nos a exposições e feiras no país e no estrangeiro», rematou, em jeito de convite, Susana.
Uma tradição com potencial económico
Bicho-da-seda
A tradição da sericicultura tem «um peso significativo na economia local», afirmou a técnica de turismo de Freixo de Espada à Cinta, Regina Gabriel. A vila recebe muitos turistas, que «vêm conquistados por este trabalho artesanal», acrescentou, explicando que «muitas vezes fazem compras no espaço de exposição da Associação e o valor ganho reverte para a própria entidade, permitindo a sua continuação». Segundo Susana Martins existem «visitas marcadas que, nas épocas melhores, ocorrem três ou quatro vezes por semana, cada uma com 60 pessoas. Já as visitas sem marcação, num mês podem ser 40 ou 50 os turistas que passam pela nossa Associação». O trabalho artesanal de criação do bicho-da-seda, extracção do fio e produção de bordados «vai continuar a existir, porque as pessoas de Freixo procuram a actividade». Actualmente, existem cerca de seis pessoas em formação e duas tecedeiras. «A sericicultura é um ponto de referência e contribui significativamente para a qualidade de vida dos freixenistas», concluiu a técnica de turismo.

1 comentário: