A disseminação da vespa da galha do castanheiro está a progredir rapidamente. Até 15 de maio foram confirmados focos num total de 49 freguesias em vários concelhos do Norte. Em Trás-os-Montes confirmaram-se em 17 freguesias de 8 concelhos. Na primeira quinzena de maio foram reportados diversos focos.
No concelho de Bragança há pouco mais de uma semana tinham sido detetados dois soutos infetados na localidade de Parada, dias depois apareceu mais um. No final da semana passada foram identificados vários casos em aldeias como Meixeido, Espinhosela e Carragosa, mas também em Amendoeira (Macedo de Cavaleiros) e Penhas Juntas (Vinhais). A Direcçao Regional de AGricultura confirma focos em Parada, Espinhosela, Macedo de Cavaleirose Sezulfe e Vilar Seco de Lomba. “São plantações novas, feitas no último ano, com plantas não certificadas e sem controlo fitossanitário, pelo que deve haver muitos mais casos de infecção”, referiu José Alberto Pereira, docente da Escola Superior Agrária, durante uma sessão de esclarecimento na Casa do Lavrador, em Bragança, na passada sexta-feira. Os agricultores dão conta que na maioria das situações são árvores adquiridas em Espanha, país onde foram confirmados vários casos em Burgos e regiões adjacentes.
Os primeiros focos da praga haviam sido detetados no ano passado em zonas do Minho, como Barcelos, e Resende (Viseu), mas este ano já foram confirmados outros casos em Carrazedo de Montenegro (Valpaços), Arouca e Trancoso.
Até agora o caso mais grave é em Trancoso, onde há uma zona com mais de dois km infetada.
O docente admitiu que “não existe” ainda um método eficaz de combate. “Se não tomarmos medidas rápidas vamos ter um problema sério nas regiões de grande produção, como são Bragança e Vinhais, que vivem muito à custa do castanheiro”, realçou. As associações de agricultores, juntas de freguesia e câmaras estão empenhadas em fazer passar a mensagem alertado para os cuidados a ter, nomeadamente a vistoria a todas as árvores para verificar se existem casulas de vespa. Em caso afirmativo, os produtores devem retirar as galhas infetadas e queimá-las.
Parasita mata as larvas da vespa
O único método de combate eficaz é um parasitoide, cujas largadas obedecem a regras e a estudos de adaptação, e têm de ser autorizadas e avalisadas pela Direção Regional de Agricultura. O docente alertou ainda os produtores para que não comprem “produtos publicitados dados como milagrosos”, porque não funcionam. “Não há nenhum pesticida que resolva o problema”, garantiu.
O parasita está a ser importado de Itália, sendo recolhido em galhas infetadas. Cada caixa (120 insectos fêmeas, mais 50 machos) custa cerca de 300 euros. Já foram realizadas largadas na zona do Minho, Mesão Frio, Lamego e Trancoso. Mário Pereira, da Federação de Agricultores de Trás-os-Montes (FATA), reconhece que está a ser “quase impossível travar esta praga”, todavia indicou que os produtores, que encontrem galhas infetadas, devem dirigir-se à associação, cujos técnicos poderão deslocar-se ao souto. “Para ver o que se pode fazer e evitar que a infecção se propague demasiado”, esclareceu.
Manuel Rodrigues, encontrou dois castanheiros com vestígios da vespa num souto em Meixedo. “São árvores híbridas que plantei este inverno, que vieram de Espanha. Cortei as galhas, metia-as dentro de um saco”, explicou o produtor que, agora, a cada dois dias passa revista aos soutos.
Em Parada, um produtor encontrou alguns castanheiros infetados.
Já confirmaram que outros casos na aldeia provêm de árvores compradas no mesmo viveiro. “Havia várias árvores com a vespa, mas eram só uma ou duas casulas. Dá muito trabalho porque foi preciso ver as árvores todas”, explicou Maria Helena, produtora.
Em Mofreita, Vinhais, ainda não foi detetado nenhum foco, mas os habitantes estão preocupados. Manuel Gonçalves tem recolhido informação, e participou na sessão na Casa do Lavrador, para “colaborar no trabalho de sensibilização de modo a que todos tomem as providências necessárias”.
As brigadas da Associação Arborea, têm ajudado os agricultores, sobretudo no concelho de Vinhais.
O responsável da Direção Regional de Agricultura do Norte (DRAN), Manuel Cardoso, está confiante que Portugal “resolverá melhor o problema do que Itália, porque a atuação começou cedo”, ainda assim é provável que em dois ou três se verifiquem quebras na produção de castanha na região. Tudo indica que já foi identificado o viveiro de onde são provenientes algumas das plantas infetadas. “O corte das galhas afetadas faz com que o problema seja adiado, sobretudo nos castanheiros adultos”, referiu Manuel Cardoso.
Deputados do PSD questionam Governo
Os dois deputados do PSD eleitos pelo distrito de Bragança, Adão Silva e Maria José Moreno, questionaram já o Governo acerca desta praga que ameaça por em causa grande parte da produção de castanha da região, que equivale a três por cento da produção mundial.
Os dois deputados lembram que, em Portugal, “a produção de castanha é da maior relevância económica e social”. “A sua importancia é especialmente acrescida nos distritos de Bragança e Vila Real, representando 80% da produção nacional, o que corresponde a 40.000 toneladas, traduzindo-se num valor anual de 70 milhões de euros”.
“A situação encontra-se plenamente diagnosticada e teme-se uma propagação imparável da praga, o que seria profundamente drástico para a economia local e nacional, para além das consequências imprevisíveis a nível ambiental”, dizem, entendendo que “urge atuar rapidamente, tanto numa lógica preventiva como numa lógica curativa, envolvendo diferentes agentes, nomeadamente o governo, a administração central, a administração local - camaras municipais e juntas de freguesias - Instituições científicas, e naturalmente os próprios produtores e suas organizações”. Por isso, “importa ainda, sem perda de tempo, disponibilizar recursos financeiros para levar a cabo uma ação eficaz”.
in:mdb.pt
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