A freguesia de S. Gregório de Vinhas situa-se na parte sul do concelho de Macedo de Cavaleiros, encostada ao seu limite oriental e muito perto dos concelhos limítrofes de Vimioso e Bragança. Dista cerca de catorze quilómetros de Macedo de Cavaleiros. É delimitada por Salselas em toda a sua faixa ocidental, por Morais e Talhinhas a sul e por Bagueixe a leste. Situada na margem esquerda de uma ribeira afluente do Rio Sabor, é constituída pelos lugares de Vinhas e Castro Roupal.
O povoamento inicial da freguesia parece ter ocorrido durante a Pré-História. No sítio arqueológico chamado Estrada, apareceu, em 1930, uma fíbula de ouro da Idade do Ferro. Este tipo de fíbulas de ouro é muito raro. De resto, bastaria o topónimo Castro Roupal para assumir que, no local, terá existido um povoado fortificado muito antes da fundação da Nacionalidade.
«Em Castro Roupal houve um castelo antiquíssimo, que data do tempo dos romanos, segundo diz a tradição; mas dele resta apenas hoje uma torre, que é a torre da igreja.» Curiosamente, Roupal alude ao povoamento germânico também. Trata-se do genitivo do nome pessoal Rouparius. Quanto ao nome da freguesia, Vinhas, o seu sentido é óbvio. Nada de surpreendente, tendo em conta a importância que as vinhas e a produção de vinho desempenham no tecido económico-social da região.
O primeiro documento escrito referente à freguesia data de 1258, ano em que se realizaram as Inquirições ordenadas pelo rei D. Afonso III. Segundo esse documento, a totalidade do território de Vinhas pertencia à cora, à excepção de quatro casais. A Igreja estava em herdade foreira do rei, mas «os filhos e netos de Pedro Aires roubaram os habitantes de Vinhas e Castro Roupal obrigaram-nos a pagar o foro à força». Castro Roupal, refira-se, foi uma das terras iniciais da Bragança. As Inquirições de 1290, ordenadas pelo rei D. Dinis, citam cinco lugares na freguesia de Santa Maria de Castro Roupal: a sede da freguesia, Bagueixe, Limãos, Gralhós e Vinhas. Em Castro Roupal, existia na altura uma honra constituída por quatro casais, cujos proprietários eram Pêro Peres e D. Maria Gonçalves.
As honras eram territórios privilegiados, imunes ao poder real. Quanto à aldeia de Vinhas, havia um casal da Ordem do Hospital, um outro da Igreja de Castro Roupal e cinco do fidalgo Rui Fernandes. Em relação à primitiva igreja desta freguesia, que já existia antes do reinado de D. Afonso III, nada resta, nem sequer vestígios arqueológicos ou escritos. Mesmo assim, deve destacar-se a antiguidade da instituição paroquial. Pode-se mesmo dizer que foi a sua primitiva matriz uma das primeiras do território de Bragantia, Em termos de património edificado, uma primeira palavra para a Igreja Paroquial de S. Vicente. Monumento classificado como de Interesse Público, situa-se numa plataforma artificial à saída da povoação.
A sua construção iniciou-se no século XVIII, embora tenha continuado a sofrer melhoramentos posteriormente. É um templo com características barrocas e rococó, com planta longitudinal de uma nave e capela-mor octogonal. A frontaria é em frontão truncado por campanário de dupla ventana, o portal de verga recto é encimado por frontão. No interior, merece destaque o retábulo das Almas em talha barroca de estilo nacional, o retábulo do Sagrado Coração em estilo rococó, os altares colaterais novecentistas e o retábulo-mor em estilo rococó com elementos neoclássicos.
A sua capela-mor, hexagonal, é única na região. Em Castro Roupal é de salientar a sua Igreja Matriz, as Capelas de S. Roque, S. Sebastião e da Senhora da Aparecida, mandada edificar por emigrantes brasileiros já no século XX, e a fonte de mergulho. Em relação à Igreja de S. Miguel, neste lugar de Castro Roupal, destaca-se um núcleo de pintura mural, posto a descoberto em 2004, durante os trabalhos de inventariação do património histórico-artístico do concelho de Macedo de Cavaleiros. Esse núcleo, com uma área superior a nove metros quadrados, encontra-se na cabeceira da Igreja.
Deve datar da primeira metade do século XVI. Ao que parece, na representação central está o apóstolo S. Mateus e nas composições laterais um grupo de quatro santos e, logo acima, um anjo. De destacar ainda, nesta igreja, a cabeceira de planta semicircular, algo que é muito raro ver-se nos templos da região. A cabeceira semicircular, como a que encontramos na igreja em foco, terá caído em desuso em Portugal a partir do início de quinhentos, portanto no século XVI, após ter concorrido directamente e durante séculos com a cabeceira de planta recta. De interesse é também o Santuário de S. Gregório, local onde se encontraram pedras com gravuras rupestres, provavelmente da Idade do Bronze. Em termos senhoriais, o Abade de Miragaia faz a seguinte descrição da freguesia: «Como reminiscência do tempo em que esta abadia apresentava as seis paróquias supra e foi uma das mais ricas deste bispado, ainda conserva (1887) uma casa de residência que é um palacete, a melhor casa da povoação. Tem uma linda cerca, muito mimosa, com muita fruta e teve um bom jardim.»
Área: 3320 ha
População: 450 habitantes
Património cultural edificado: Igreja Matriz, Capela de S. Gregório, Cruzeiro, Lavadouro Público em Vinhas, Igreja de São Miguel, Capela de Nossa Senhora Aparecida; Fonte de Mergulho, Monumento alusivo à Fé “Altar de Fé”, Centro Cívico (inclui reabilitação de bebedouro de animais, lavadouro público e estrutura de coreto), em Castro Roupal
Feiras: Feira Mensal no 3.ºDomingo de cada mês
Festas e Romarias: Festas de S. Gregório no 3.ºDomingo de Agosto, de Anjo da Guarda no 2.ºDomingo de Agosto
Locais de lazer: Zona da Capela de S. Gregório em Vinhas, Centro Cívico e Altar de Fé em Castro Roupal
Artesanato: Mantas de Farrapos, Cobertores, Colchas de Linho, Tapeçaria
Orago: S. Gregório em Vinhas, Anjo da Guarda em Castro Roupal
Principais actividades económicas: Agricultura, Pecuária, Enchidos Regionais (Sá Morais), Lagares de Azeite (Sá Morais & Paradinha http://www.azeite.com.pt), Madeira (Ramiro Amaro), Comércio
Colectividades: Associação Cultural e Recreativa de Vinhas, Zona de Caça Associativa de Municipal de Vinhas, Associação Centro Cívico Anjo da Guarda de Castro Roupal, Associação de Caça e Pesca de Castro Roupal.
in:retratoserecantos.pt
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