Em certas aldeias do concelho de Vila Flor, noutros tempos, quando uma mulher com fama de bruxa estava moribunda, era costume colocar-se sobre o corpo o jugo dos bois da própria. Uns diziam que o jugo simbolizava os trabalhos dela; outros justificavam que, como era bastante pesado, ao ser colocado sobre o corpo da mulher, evitava que encolhesse quando estava a morrer. E também se dizia que em aldeias como Vale Frechoso, mal ela morresse, queimavam-no.
Em Vilarinho das Azenhas, não usavam o jugo dos bois, mas sim o jugo dos burros. Conta-se que, numa ocasião, há muitos anos, uma determinada mulher estava para morrer, mas nunca mais morria. Houve então outra, que a conhecia bem e que disse assim:
— Esperai de aí que ides ver se ela morre ou não morre!
Foi à loja buscar o jugo dos burros, pôs-lho sobre o corpo e ela então morreu. Diz-se que tinha ficado com o jugo de uma outra bruxa, e que, por isso, ficou com o fado. Se o tivesse queimado, não ficava.
Fonte:PARAFITA, Alexandre Património Imaterial do Douro (Narrações Orais)
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