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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Território - «Assistimos a um processo de afundamento dos mundos rurais»


Rui d?Espiney, coordenador do projecto «À Descoberta do Mundo Rural», andou um ano a fazer um levantamento das oportunidades em 26 concelhos portugueses. Encontrou «mundos rurais em processo de afundamento», mas também novas oportunidades. Um trabalho que vai, agora, resultar num guia de boas práticas com 20 iniciativas locais que dinamizam os territórios.
O território rural português diverge de região para região. Em cada uma delas há oportunidades de desenvolvimento económico e social para explorar. Ao longo de um ano (Dezembro de 2011 a Dezembro de 2012), a iniciativa «À Descoberta do Mundo Rural» explorou 26 concelhos do país para identificar, inventariar e caracterizar as práticas de desenvolvimento local dinamizadas por actores locais, cidadãos e entidades.
Rui d’Espiney, coordenador do projecto, comenta que «assistimos a um processo de cada vez maior afundamento dos mundos rurais». Rui d’Espiney utiliza «mundos rurais» no plural porque existe uma grande diversidade de realidades no território nacional. 
«No nosso entender a realidade do mundo rural sobre o ponto de vista cultural, das actividades económicas, social, das oportunidades que se oferecem às pessoas, de emprego, faz-se de uma diversidade imensa de Norte a Sul do país. Não é possível comparar a serra algarvia ou de São Pedro do Sul com o que se passa na região Oeste onde temos agricultura para exportação», sublinha.
Um ponto comum a quase todo o território é a falta de jovens, de oportunidades de emprego e disponibilização de serviços, como escolas e centros de saúde. No entanto, há projectos que contrariam as adversidades e, agarrando no que é endógeno e envolvendo a população, criam novas dinâmicas nos territórios.
Desta análise do mundo rural, irá ser construído um «guia de boas práticas que traz 20 iniciativas que se destacaram mais em relação a todas as outras que encontramos no território. No fundo, são iniciativas que pegam em processos de desenvolvimento local, mas não só. São projectos que actuam em vários sectores de actividade e que se complementam uns com os outros e que no fundo passam de um projecto para um processo», explica Raquel Gonçalves, técnica do projecto, que pertence à Animar - Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local.
Raquel aponta alguns exemplos como a associação Binaural, em São Pedro do Sul, a aposta, em Montalegre, no fumeiro, e, entre outros, a Cooperativa Terra Chã, em Alcobertas, concelho de Rio Maior, «que tem actividades diversas como turismo, alojamento, restauração, rotas turísticas e projectos com habitantes da aldeia relacionados com o património».
Estes são projectos que tentam contrariar a realidade encontrada, que Raquel descreve como de «destruturação económica», acrescentando que «hoje em dia há falta de tudo no mundo rural, não há escolas, tribunais, correios. Muito poucos jovens e alguns com dúvidas sobre a sua permanência nestes territórios».
Por seu turno, Rui d’Espiney fala do «fenómeno» regressar à terra. «O mundo rural é dos resilientes e as pessoas que estão no mundo rural, querem continuar nele. Não é por acaso que no mundo rural se acumulam os projectos e iniciativas que acarretam a sua própria requalificação. Começam a surgir novos habitantes que ajudam a reconfigurar a realidade, trazem outra cultura e expectativas e são um fundamento no quotidiano local», diz.
Nesta descoberta ou redescoberta do mundo rural por gerações mais novas há que ter em atenção, alerta Rui d’Espiney, as diferentes dinâmicas dos territórios. «Quem está no meio rural vai ter de intervir agarrando as oportunidades que surgem e não pensando em replicar processos de outros lados. Também percebemos que a sustentabilidade das dinâmicas de requalificação só existem se, embora entrar por este ou aquele domínio, caminhar para a chamada intervenção sistémica, se assegurar a participação das pessoas».
Deste modo, poderá ser possível combater o actual cenário que resulta «de uma desigualdade de investimento, acompanhado por um reforço cada vez maior das políticas de descapitalização, de desvalorização do mundo rural, que levam ao encerramento de escolas, serviços de saúde e outros», conclui Rui d’Espiney.
O projecto «À Descoberta do Mundo Rural» foi realizado por uma parceira entre a Animar e o Instituto das Comunidades Educativas (ICE).

Sara Pelicano; fotos - Animar
in:cefeportugal.net

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