A nossa Tia Amália Rodrigues tem 73 anos é filha da aldeia de Cidões – Vinhais.
Há mais de 26 anos que participa na Familia do tio João com a sua poesia
Nasceu e cresceu a ver fazer cestas, como diz o povo nasceram-lhe os dentes no mundo das cestas.
Foi abençoada com meia dúzia de filhos que brotaram de cinco ventres, 4 raparigas e dois rapazes.
Trabalhou num talho com o marido, mas a arte ancestral da cestaria que herdava dos seus antepassados corria-lhe no sangue e foi há vinte anos, depois da merecida reforma, que, relembrando e revivendo os tempos de criança, a Tia Amália Rodrigues se dedicou à arte da cestaria de alma e coração.
As cestas são trabalhosas - conta-nos a Tia Amália Rodrigues - tem que se ir ao monte escolher o piorno, as escobas ou as giestas (a designação varia consoante a origem geográfica). A escolha não é aleatória e não carece de mestria. Só o piorno fino e longo é ideal sendo que o grosso e curto não serve para o efeito. O piorno é então descascado e de seguida tem que apanhar sol procedimento denominado Assoalhada. A curiosidade é que o piorno não bronzeia com o sol! Pelo contrário fica ao sol até ficar bem branquinho! Pior ainda se não apanhar sol fica escuro… e esta heim?! Uma vez branquinho o piorno passa a chamar-se verga. A verga é aguçada e está então pronta para Feitar. Feitar é arte de fazer a própria cesta. A confeção da cesta demora aproximadamente três horas. Como realça o ditado popular. “Cesteiro que faz um cesto faz um cento, se lhe derem verga e tempo!”
A Tia Amália Rodrigues faz vários tipos de cestas. Existe variedade não só no tamanho, desde as pequeninas que são usadas para recordações de casamentos, batizados, comunhões e outras festas, passando pelas médias que podem servir de fruteiras, candeeiros e abat-jours ou para colocar o pão em restaurantes e casas particulares e por ultimo as grandes que podem servir para colocar as batatas, cebolas, cenouras, etc nas nossas cozinhas tendo também um efeito decorativo de requinte.
Quanto ao formato destacam-se as rendilheiras, as arrematas não esquecendo as intecidas, todas peças de originalidade marcada recheadas de carisma que revelam um saber-fazer secular que faz parte da nossa história e da nossa cultura.
Obrigado Tia Amália Rodrigues por manter viva esta tão bonita arte e oxalá haja oportunidade para que possa passar o conhecimento às gerações vindouras!
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(Henrique Martins)
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