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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 5 de junho de 2016

Festival Literário presta tributo a Mário Péricles

Encerramento do Festival Literário em Bragança não poderia ter terminado de melhor forma com a merecida homenagem a um dos livreiros mais antigos e respeitados da cidade.
Terminou no dia 4 a segunda edição do Festival Literário de Bragança. Depois da abertura oficial, a 1 de junho, muita coisa aconteceu no Centro Cultural Municipal Adriano Moreira. Durante os quatro dias do evento, foram destacados vários géneros literários, entre os quais, a poesia, o romance, a crónica e o ensaio, muitas vezes interpretados por escritores e personalidades convidadas.

Ontem, pelas 21 horas, a cidade prestou o reconhecimento merecido ao ex-proprietário, falecido em 1972, de uma das mais importantes livrarias na segunda metade do século passado em Bragança, através da “homenagem do Encontro Livreiro a Mário Péricles da Cruz”.

No acontecimento cerimonioso e perante uma sala repleta, houve momentos musicais e recordou-se pela voz da família, um dos mais antigos livreiros da cidade.
“Em 1972, faleceu o meu sogro e alguém teria de arcar com essa responsabilidade”, começou por recordar o genro de Mário Péricles, referindo-se à livraria. “Quis o destino que fossemos nós e cá viemos para Bragança. Estávamos em Viana do Castelo, na altura, e tivemos a livraria até 2004”, contou Luís Machado, visivelmente nostálgico. A família do livreiro só abdicou dessa “responsabilidade” há 12 anos por motivos de saúde. “A principal causa foi a saúde precária da minha mulher que já tinha tido alguns problemas nos anos anteriores. A segunda, que também ajudou, foi um período em que fecharam centenas de livrarias em todo o país devido à crise económica que se fez sentir na altura”, explicou o homem que ainda esteve à frente da livraria durante 32 anos. “No início de 2000, abriram outros espaços, hipermercados, grandes livrarias como a Bertrand, que passaram a controlar o negócio na província e deixou de ser rentável”, assumiu Luís Machado, fazendo questão de salientar, no entanto, que o principal motivo que levou ao encerramento de uma das livrarias mais antigas da cidade foi mesmo o estado de saúde da sua esposa.

Depois da homenagem, o festival terminou com uma “Mesa de Debate”, moderada pela jornalista Teresa Sampaio e em que participaram Rentes de Carvalho e Sérgio Godinho.

Para além do município de Bragança, a organização do Festival Literário contou, ainda, com a Academia de Letras de Trás-os-Montes e o Encontro Livreiro de Trás-os-Montes e Alto-Douro. 

“O Festival tem estado a correr bem, tem tido uma boa aceitação por parte das pessoas e, hoje, estamos no momento em que vamos fazer uma homenagem a uma pessoa que marcou o panorama cultural na cidade e que é uma homenagem promovida pelos livreiros e pela autarquia como forma de reconhecer o excelente trabalho que foi feito ao longo de muitos anos”, referiu o presidente da Câmara Municipal de Bragança, no último dia do evento, momentos antes do tributo a Mário Péricles ter início. Na opinião de Hernâni Dias, bem como na opinião de muitos dos presentes, a livraria brigantina foi, sem dúvida, “uma referência na cidade”. 

Sobre Mário Péricles da Cruz

"Em 1938, Mário Péricles da Cruz, criou a Livraria Liz, que englobava as áreas de Livraria, Papelaria e encadernação. A personalidade amável, contemporizadora e solidária do fundador catapultou a Livraria para um plano diferente dos restantes estabelecimentos congéneres e depressa se colocou na vanguarda dos mesmos a nível da cidade e região.

Era um tempo em que a cidade de Bragança recebia os estudantes de quase todo o distrito, uma vez que não havia estabelecimentos de ensino de grau superior ao primário nos outros concelhos.
Acontecia também que a maioria das famílias tinha sérias dificuldades económicas que não lhes permitia a compra, a dinheiro, dos livros e demais material escolar. Consciente dessas dificuldades, Mário Péricles da Cruz, facilitava a sua aquisição a crédito, sendo os pagamentos efetuados de acordo com as possibilidades de cada família. Isso permitiu a muitos estudantes prosseguir os seus estudos, o que não teria acontecido sem as facilidades concedidas.
Tal comportamento empresarial, impossível nos dias de hoje, aliado a um comportamento exemplar como cidadão e às qualidades excecionais de bondade e simpatia, granjearam-lhe um prestígio social de grande relevo que foi aumentando com o passar dos anos.

A área de encadernação, foi entretanto abandonada, passando a ser exercida no Patronato, para onde transitaram os empregados colocados nesse serviço. As áreas mais desenvolvidas eram as de papelaria, livros e material escolar, sendo a vertente de livraria pouco desenvolvida, o que bem se compreende se atentarmos às condições sociais e políticas dessa época.

Mário Péricles da Cruz viria a falecer em 1972, passando a empresa a ser gerida por sua filha Maria Celeste da Cruz Machado, em colaboração com o seu marido Luís Emílio de Brito Machado, passando a intitular-se Livraria Mário Péricles da Cruz.

Nos primeiros tempos a orientação dos serviços prestados não sofreu grandes alterações, vindo, no entanto, a verificar-se uma grande viragem, com o desenvolvimento da vertente Livraria, tendo em conta a abertura política verificada, a instalação do ensino superior em Bragança e o aparecimento de estabelecimentos congéneres, mais virados para as áreas de papelaria, livros e material escolar.

Com o decorrer do tempo, a vertente Livraria foi de tal modo incrementada que, nessa área, era reconhecidamente a melhor Livraria de Trás os Montes e uma das boas livrarias do norte do país; com milhares de livros das mais diversas áreas do saber. A sua clientela era a mais diversificada, incluindo muitos espanhóis da Galiza e da região de Leão que aqui vinham procurar obras dos melhores autores portugueses.

Em 2004, por imperiosos motivos de saúde e tendo em conta a realidade económica de então, entendeu-se dar por finda a atividade da empresa, gerando uma onda de consternação nos clientes que lamentaram o desaparecimento da Livraria onde se habituaram a encontrar livros de que precisavam."

in página de facebook "Amigos da Livraria Mário Péricles"

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