Do ritmo da vida de cidade a que se habituou enquanto tirou o curso, Dulce teve que conhecer a vida do interior do nordeste transmontano, onde os recursos chegavam sempre mais tarde. “Os senhores ricos é que tinham o poder na mão, o resto do povo não. Nessas aldeias ainda não havia saneamento nem havia água canalizada, eu tinha que ter uma empregada para me fazer o serviço, tinha uma empregada que me ia buscar água à fonte e nós tomávamos banho”.
Nos tempos livres falava com os pais dos alunos que por vezes a convidavam para almoçar e era aos filhos deles que Dulce enxugava a roupa, no Inverno, numa “fogareira” que também servia para aquecer as salas.
Aos 79 anos Dulce Pires viu como os tempos mudaram de forma expressiva. Concentraram-se os recursos mas isso não chegou para se “agarrar” a juventude. Do futuro de Lagoaça, onde agora vive, não sabe. As escolas cheias de crianças não existem e o infantário também fechou. Assistiu ao esvaziamento de todas elas sem nada poder fazer. Hoje, já só se lembra das saudades que tem da sua escola.
Texto: Joana Vargas
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