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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Mons. José António de Castro

Há dias encontrei num alfarrabista lisboeta o opúsculo titulado Elogio de Mons. José de Castro, dado à estampa em 1969 pela Academia Portuguesa da História. Trata-se do relato da sessão de dois de Dezembro do ano anterior, na qual o Marquês de São-Paio fez o elogio do seu antecessor na cadeira académica.
Adquiri o documento por duas razões, a primeira de interesse intelectual, a segunda porque a Irmã do ilustre historiador, minha professora – a Dona Aninhas Castro – nos intervalos explicativos do programa da quarta-classe falava embevecida do seu Irmão não se furtando a contar episódios picarescos da vida dele, especialmente durante os catorze anos de exílio no Brasil.
O padre José de Castro exilou-se na sequência da sua prisão acusado de ter transmitido informações aos couceiristas aquando da incursão de Paiva Couceiro em terras transmontanas no intuito de restaurar a monarquia. Na altura o jovem sacerdote era pároco em Gimonde, o ser monárquico segundo a Dona Aninhas provinha da família, embora o seu padrinho fosse republicano, democrata.
Em 1930, o futuro historiador é nomeado pelo governo para ocupar o lugar de consultor eclesiástico da nossa então Legação em Roma, aí depressa se tornou notado dado preferir a aridez dos documentos existentes no sumptuoso Arquivo do Vaticano às mundanidades do dia ao dia diplomático. 
Alguns historiadores de ontem e hoje teimam em não concederam H grande de Historiador a Monsenhor José de Castro, no meu modesto entender porque só folhearam a sua obra, ou então devido a preconceitos ciumentos porque ele teve a possibilidade de compulsar e estudar documentação inacessível a leigos, a ignorantes do domínio da língua latina, a não residentes ou visitantes prolongados da cidade-eterna.
Pode-se não concordar com as suas teses sobre Dom Sebastião, o Cardeal Dom Henrique e o Prior do Crato, mas não se lhe pode assacar falta de traquejo no uso das ferramentas de investigação histórica. Os seus trabalhos sobre Dom Frei Bartolomeu dos Mártires e Portugal no Concílio de Trento não podem ser ignorados por todos quantos se dedicam a estudar matérias consignadas ao rigoroso Prelado que tanto se distinguiu no polémico concílio a originar volumosa obra da sua autoria.
Seria bizarro não referir a minuciosa obra da sua autoria relativa à Diocese de Bragança-Miranda, é farta no fornecimento de elementos referentes à sua criação e evolução, é forte nos travejamentos documentais as sustentarem as afirmações e fundamental para melhor entendermos a estrutura social ao longo dos séculos.
As obras e a personalidade deste estudioso são activos culturais que a cidade (Autarquia, Arquivos, Bibliotecas, Escolas, Instituto Politécnico, Museus) devia enaltecer. Como? De variadas formas, peço escusa de as referir, os mediadores científicos e culturais têm a obrigação de saber como.
Ao meu amigo Eleutério Alves, peço o favor de equacionar a possibilidade de ser reeditada o trabalho de José de Castro relativo à Santa Casa de Bragança, da qual é animoso Provedor. Seria rutilante obra de misericórdia cultural a sua volta aos escaparates.

PS. O futuro da Europa belisca-nos a todos, atrevo-me a sugerir aos atentos a leitura do «clássico estudo» de Paul Hazard, A Crise da Consciência Europeia. O proveito é grande.



Armando Fernandes
in:mdb.pt

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