Cerca de 180 pessoas não quiseram perder a oportunidade de fazer o percurso pedestre que segue a linha do Tua entre São Lourenço e Brunheda, este domingo. Foi uma das últimas oportunidades de passar naquele trajecto, que vai ficar submerso e deixará de ser possível percorrer, sendo que aliás já foi interdita a passagem de São Lourenço para jusante, até à Foz do Tua, local da construção da barragem.
A iniciativa foi organizada pela câmara de Carrazeda de Ansiães foi para alguns, mais um passeio pedestre, mas para muitos foi uma hipótese de reviver memórias e participar uma caminhada que consideram histórica e simbólica. “Tenho pena e sou contra. Na minha terra também vai existir barragem e também sou contra. Acho que é inaceitável destruírem uma linha de comboio que é única no país e uma das poucas na Europa que poderia ser toda aproveitada para fim turístico”, referiu Fernando Gomes, que integrou um grupo de Mondim de Basto, que participou na caminhada.
As opiniões quanto à barragem dividem-se. Enquanto muitos esperam que traga turistas e desenvolvimento, outros preocupam-se com o desaparecimento da linha férrea, do vale tal como o conhecemos, do rio no estado selvagem e com as consequências para a agricultura. João Ramirez diz que com a chuva que caiu este ano a produção de vinha vai ficar reduzida a mais de metade. Com a barragem “o nevoeiro ainda vai acumular mais, para a vinha é a pior coisa mais prejudicial que pode haver. Nesse aspecto, não nos vai trazer mais vantagem nenhuma. Para a agricultura, não vai trazer benefícios”.
Para as culturas mais rentáveis da região já próxima do Douro, como a vinha e a oliveira, as alterações meteorológicas criadas pelo grande aglomerado de água poderão trazer mudanças na produção, o que preocupa alguns habitantes.
Este é o tema de uma reportagem alargada que pode ler na edição desta semana do Jornal Nordeste.
Olga Telo Cordeiro
Escrito por Brigantia
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