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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 7 de julho de 2016

D. José Cordeiro teme que eutanásia “se torne obrigação”

Mais do que um direito, a eutanásia, caso venha a ser despenalizada, pode vir a tornar-se um “dever” para os mais velhos.
Este é um dos principais receios manifestado pelo bispo de Bragança-Miranda, D. José Cordeiro, nas IV Conferências do Paço, que se realizaram no passado dia 29, num auditório da escola Emídio Garcia cheio. A organização esteve a cargo da Comissão Diocesana de Justiça e Paz
“É isso que tenho sentido em muitas pessoas idosas, nas visitas pastorais que estou a realizar, tanto nas casas como nos lares de idosos, nas pessoas mais idosas, o temer que, se passar a ser um direito, depois se torne um dever. Quando se perde a consciência da dignidade humana até ao fim do fim, ela passa a ser descartável, um peso do qual temos de nos libertar. Isso não é admissível. A vida humana não é negociável”, sublinhou o prelado, destacando que “Só há dignidade onde há vida”. “O perigo destas discussões é cair nos eufemismos, que é para aliviar o sofrimento... não, é para matar. Isso é que é preciso ser comunicado e dito. A vida é um dom sagrado. No âmbito da fé da Igreja, o homem é criado à imagem e semelhança de Deus e a vida, a dignidade da pessoa humana, é desde a sua conceção até à sua morte natural. É até ao fim do fim que a vida tem sentido. Não somos nós que lhe damos o sentido, pois recebemos a vida como dom, que tem a fonte em Deus, que é a própria vida. Só pode haver dignidade com vida”, sublinhou D. José Cordeiro.
Já Anabela Morais, responsável pelas unidades de cuidados paliativos no Hospital de S. João e no Centro Hospitala de Trás-os-Montes, em Vila Real, lembra que para uma decisão tão importante como esta, sobre a vida, é preciso “liberdade”.
“A autonomia pressupõe liberdade de escolha e para se ser livre não se pode estar em sofrimento nem se pode estar dependente de terceiros. Obviamente que o sofrimento tem de ser colmatado e depois questionar as pessoas sobre essa vontade”, explicou.
A médica sublinha que “a discussão da eutanásia parece-me precoce em relação ao que devia ser porque primeiro devia lançar-se a discussão dos Cuidados Paliativos, a sua disponibilidade e acessibilidade a quem precisa. Só depois disso se deve perguntar às pessoas se ainda querem morrer. Depois do sofrimento colmatado, provavelmente já não quereriam”, faz notar.
Por outro lado, considera que, a avançar essa pretensão, poderia da azo a que se abrisse “uma autêntica caixa de Pandora”. “Aquilo que se passa noutros países e nos deve servir de reflexão é a tolerância desses casos que não estavam previstos e que foram tolerados mais tarde. De tal forma que, depois, é a própria lei que é alargada para incluir esses casos que previamente não eram previstos. Inicialmente, a eutanásia era prevista apenas para doentes terminais em fim de vida. Depois, passou a ser autorizada e permitida a doentes com demência. Depois, a doentes com depressão. É autorizada agora a pessoas sem qualquer doença e que manifestem vontade de morrer, desde que tenham mais de 70 anos. Está autorizada a crianças em que os pais decidam que não vão ter boa qualidade de vida”, frisa.
Carlos Alberto Rocha, também médico e presidente da Associação dos Médicos Católicos, acredita que, caso seja aprovada a despenzalização, muitos clínicos serão objetores de consciência. “Estou convencido, embora não haja um estudo sério que permita fundamentar a minha resposta, mas a perceção que tenho é que a grande maioria dos médicos não são a favor da eutanásia. Por exemplo, em relação ao aborto, a maioria dos médicos dos vários serviços são objetores de consciência. Há um número grande em Portugal. Extrapolando para a eutanásia, é de admitir que isso aconteça. Não quer dizer que não haja alguns médicos que são a favor da eutanásia e até subscritores do documento que defende a discussão. Mas julgo que é uma minoria”, disse.
Por outro lado, aponta a falta de legitimidade para se votar uma proposta neste sentido no Parlamento no decorrer da atual legislatura. “No caso de esta questão ir para a frente, é um assunto demasiado grave para ser decidido no parlamento atual porque nenhum dos partidos (talvez o Bloco de Esquerda) tinha no seu programa esta questão. Estar a votar uma coisa que não foi sufragada antes das eleições parece-me uma traição ao eleitorado.
Se houver vontade, nesta legislatura, de haver votação sobre esta matéria, vejo como absolutamente necessário que seja através do referendo”, conclui.

in:mdb.pt

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