Nasceu em Santa Maria (Bragança) a 4 de Maio de 1817; filho de Jacinto José Dine e de Joana Rosa. Casou em 1842 com D. Mariana Cândida de Lima da Fonseca Pinto, filha do doutor em cânones Agostinho José da Fonseca, professor-proprietário da cadeira régia de filosofia em Bragança, natural de Faria, termo de Barcelos, e de D.Mariana Albina de Lima Pinto, do Porto, filha de Miguel José Pinto Castelinho, capitão-director do trem do ouro das obras militares da cidade do Porto, natural da vila de Alfândega da Fé, e de D. Inácia Margarida de Lima, do Porto.
Eis o que lemos a propósito deste artista:
«Com summo prazer satisfazemos aqui um desejo, que ha muito nos assistia – o dirigirmos duas palavras de louvor, e fazermos conhecido fóra desta cidade um jovem artista, por muitos títulos digno de admiração: queremos falar do snr. Agostinho José Lopes Dine, filho de um marceneiro d’esta cidade, e que apoz da sua instrucção primaria não recebeu outra eduçação artistica mais do que a do officio que seu pae exercia. O snr. Dine porém, sem cursar estudos regulares, sem frequentar e praticar com os mestres, unicamente pela força do seu genio, tem desempenhado obras de grande vulto, com assás perfeição e facilidade. O mesmo é apresentar-lhe qualquer producto das artes, e dispôr-se elle a fazel-o, que vê-o logo executado, por complicado e difficil que seja. Eis os factos; e elles falarão por nós e pelo artista.
Quiz fazer um piano – e fez um piano: senão perfeitissimo, comtudo melhor do que muitos, que temos visto, vindos de paizes estrangeiros: hoje trabalha em apromptar segundo mais perfeito. Pediram-lhe obras de talha em gravura, e para mostrar de quanto elle é capaz, para revelar os milagres do seu genio, lá estão – o altar e ornatos de uma capella em Arguzello e outro em Chacim; uma pedra d’armas na villa dos Cortiços e outra no cemiterio d’esta cidade; uma imagem de um Santo Christo em meia grandeza natural na egreja de Carragoza; e as differentes estampas, que tem apparecido n’este jornal (primeira obra sua n’este genero de gravura em madeira), e uma vista da cidade de Bragança, que ainda não sahiu a publico. A maior parte dos desenhos d’estas e d’outras obras são tambem feitos pelo snr. Dine. A madeira, a pedra, o metal, tudo obedece ao magico poder do seu genio; para elle não ha difficuldades! O que seria o snr. Dine se a arte lhe ouvera revelado os seus processos, os seus segredos e todos os meios de que ela dispõe?! Em outro paiz, o snr. Dine teria admiradores, teria protectores, teria a riqueza e gloria... gloria para elle e para a sua patria: em Portugal vive pobre, desconhecido, ou menospresado!...».
No cemitério público em Bragança há um escudo gravado numa pedra mole (talco) embutida noutra de granito em uma sepultura (já publicado sob o número 32 no VI vol. destas Memórias), que tem este letreiro: «DINNE EXCULPIO», a documentar o trabalho deste artista. Pelo mesmo teor há outro escudo numa casa da rua de Trás (hoje rua Conselheiro Abílio Beça), que deve também ser obra de Dine, mas não está assinado. Nos quatro lados da pedra em que está esculpido o escudo há uma inscrição ilegível por estar coberta de cal.
Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança
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