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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Natal com sardinha cozida para afastar tormentas em Freixedelo

O Natal tem bacalhau e polvo nas mesas transmontanas e também sardinha cozida numa aldeia de Bragança, que mantém uma tradição antiga em honra do padroeiro Santo Estêvão para afastar tormentas.
Em Freixedelo, antes da consoada, a cozinha é dos homens, os mordomos que começam a preparar as sardinhas para a festa comunitária do dia 26 de dezembro, como contou hoje à Lusa José Brás, um dos quatro mordomos que, com os seus meirinhos (ajudantes) preparam as iguarias para o ritual do almoço da Sardinha Cozinha.

No dia depois do Natal, juntam-se para a refeição comunitária com a imagem de Santo Estêvão à cabeceira da mesa e, embora ninguém saiba explicar a origem da sardinha no repasto, a população cumpre o ritual para o padroeiro não manifestar desagrado mandando tormentas.

Dizem os mordomos que esta tradição tem séculos e passou de geração em geração, até que um dia, alguém interrompeu o ritual e durante dois anos a festa não foi realizada.

Freixedelo e a sua população terão enfrentado dois anos de tempestades terríveis, com fortes trovoadas que destruíram campos e casas.

O povo dizia que era a ira de Santo Estêvão por a festa tinha sido interrompida.

Desde então, a tradição foi retomada religiosamente, e nunca mais aconteceu o mesmo temporal, garantem. E ainda hoje em dia, se a trovoada é sentida à distância, a população de Freixedelo retira o Santo Estêvão da Capela para sua proteção.

Na aldeia, estão já reservadas cinco caixas de sardinha, mais de 50 quilos, para os mordomos - só homens - prepararem.

No dia 23, contou José Brás, vão cozer o peixe à moda antiga mergulhado durante "seta a oito minutos" em água a ferver com sal, louro e picante.

Depois de cozidas, ficam a secar numa rede ou palha para depois serem levadas a fritar num pote de azeite ao lume da lareira.

As sardinhas são depois cobertas com cebolada, tipo escabeche, e ficam três dias a marinar.

José Brás recordou que este era um dos métodos de antigamente para conservar os alimentos e garantiu que "podem ficar assim um mês que não se estragam".

No dia 26 de dezembro, depois da missa, juntam-se num almoço comunitário da Sardinha Cozida acompanhada de pão, tremoços e castanha cozida. Os menos apreciadores da receita têm sardinha assada na hora, como alternativa.

O almoço é gratuito e a população é convidada a participar com o que tiver, seja fumeiro ou outros produtos, para o ramo que é arrematado e entrega a quem pagar mais no final da festa e ajuda às despesas.

O ritual da Sardinha Cozinha prolonga-se até à noite com a animação musical.

Agência Lusa

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