Jesuíta egresso, bacharel em teologia pela Universidade de Coimbra e prior na vila de Ançã, bispado de Coimbra. Era natural de Parada dos Infanções, concelho de Bragança, onde nasceu a 21 de Março de 1688, falecendo na vila de Ançã a 29 de Outubro de 1741. Pertencia à nobilíssima família dos Madureiras Feijós, fidalgos de solar.
Escreveu:
Arte explicada – Parte I – Princípios. Contém todos os nominativos, linguagens, rudimentos, géneros, pretéritos e declinações dos latinos e gregos, etc. Lisboa, 1735. 4.° Parte II – Sintaxe. Lisboa, 1730. 4.° – Coimbra, 1739. 4.° de 455 págs. e 14 inumeradas.
Apêndice da sintaxe perfeita, e segundo tomo da segunda parte. Escólios de nomes e verbos. Lisboa, 1732. 4.° – Coimbra, 1739. 4.° Parte III – Tomo IV – Sintaxe figurada, sílaba e versos, com a medição. Lisboa, 1732. 4.° de 214 págs. – Coimbra, 1739. 4.° Ortografia, ou arte de pronunciar com acerto a língua portuguesa. Dividida em três partes. A 1.ª, de cada uma das letras, e da sua pronunciação; das vogais e ditongos, dos acentos, ou tons da pronunciação. A 2.ª, de como se dividem as palavras; da pontuação; algumas abreviaturas, conta dos romanos, e latinos, Calendas,Nonas e Idos. A 3.ª, dos erros do vulgo, emendas de ortografia no escrever e pronunciar toda a língua portuguesa. Verbos irregulares, palavras dúbias, e as suas significações. Uma breve instrução para os mestres das escolas. Lisboa, 1734. Segunda edição. Coimbra, 1739. 4.° de VIII-548 págs.
«A décima edição d’esta obra – diz Inocêncio F. da Silva – sahiu em 1824, e depois d’esta teem sahido não sei quantas; uma que tenho presente é de Lisboa de 1836 (4.°) e tudo se tem exgotado a ponto de se pensar em nova edição». Depois, Brito Aranha, continuador de Inocêncio (Dicionário Bibliográfico, tomo X), torna a falar deste escritor, dando o título desta obra um tanto modificado, e aconselha que a respeito dela se consultem a Lira Poética, 2.ª série, tomo I, pág. XIV, as notas do mesmo tomo, pág. 111, o artigo inserto no referido Dicionário relativo a José Barbosa Leão e a controvérsia a que deu lugar o seu sistema ortográfico, na qual interveio a Academia Real das Ciências.
As obras acima mencionadas foram escritas para instrução do duque de Lafões, D. Pedro de Sousa Tavares, discípulo do autor. O padre Madureira Feijó é considerado como o melhor comentador do método gramatical do jesuíta Manuel Álvares, então adoptado em todo o país. «Vê-se, pois – continua Inocêncio – que não obstante a censura do padre José Freire, que, nas suas Reflexões sobre a lingua Portugueza, chama ao Madureira “cego fautor da orthografia portugueza, sempre encostada á latina, sustentando opiniões que os criticos não quizeram adoptar, e que o uso ainda reprova”, a sua Orthografia ha sido sempre a mais seguida e geral entre nós. Não conseguiram ainda desapossal-o de todo da supremacia que uma vez tomou, tantas e tão repetidas tentativas, quaes foram as dos orthographos, que no passado e no presente seculos emprehenderam introduzir systemas inteiramente diversos, ou modificar o methodo adoptado á vontade de cada qual, apoiando-se para esse effeito em razões mais ou menos plausiveis, e em casos especiosos. Nenhum d’elles pode alcançar para si o triumpho a que aspirava; e o mais que obtiveram todos juntos com as suas regras e doutrinas encontradas e contradictorias, foi reduzir-nos ao estado anarchico a que chegamos... Ninguem ha que o não lamente, e não deseje vel-o remediado: mas os alvitres até agora propostos, inefficazes uns, inadmissiveis outros, teem augmentado o mal, enredando cada vez mais o negocio. E assim continuaremos talvez por muito tempo na situação excepcional de sermos, creio, a nação unica da Europa que ainda não pôde fixar a sua orthografia».
O professor António Félix Mendes, sob o pseudónimo de «João Pedro do Vale», nas suas Memórias para a história literária de Portugal, a pág. 5, esforçou-se por mostrar a inutilidade da Arte de Madureira e os males que causou ao estudo da boa latinidade (257). O marquês de Pombal, ansioso de extinguir tudo quanto cheirasse a jesuíta, por alvará de 28 de Junho de 1759, diz, no n° 8.° relativamente aos professores de gramática latina: «Prohibo que nas classes de latim se use dos commentarios de Manuel Alvares, como Antonio Franco, João Nunes Freire, José Soares e em especial de Madureira, mais extenso e mais inutil». Este juízo do jesuitófobo Pombal em nada desfalca os créditos do padre Madureira Feijó; quem inspirou e patrocinou a Dedução Cronológica e Analítica, o Compêndio histórico do estado da Universidade de Coimbra e similares, não tem autoridade bastante para acoimar de «inútil» a obra de Madureira.Mas Pombal era assim!
«João Pedro Ribeiro nos conta que um dos collaboradores da parte do mesmo Compendio historico relativa ás sciencias naturaes, confessara a tortura em que se achou, vendo-se na necessidade de imputar aos jesuitas tambem a corrupção entre nós da chymica!».
É certo que as desastrosas consequências de Alcácer Quibir, a sujeição de sessenta anos à Espanha e logo em seguida a porfiada guerra de vinte e oito anos que com esta nação mantivemos, mais que os jesuítas precipitaram a decadência dos estudos em Portugal. A despeito destas perseguições, a competência do padre Madureira passou à literatura.
Nicolau Tolentino diz-nos:
Com o Madureira na mão
Revelaram altos segredos
D’advérbio e conjunção.
Escreveu mais: Explicate in omnes partes Arti Pe. Alvares. Ulissip., 1724. 4.° – Dissidium de primatu inter insulas, vulgo dos Açores. Tragédia. Verior Ganimedis raptus.
Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança
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