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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Ao fim da tarde...

Tio Francisco: Boa tarde António, atão aonde é que vais com essa pressa toda home?

Tio António: Vou ali ao palheiro buscar uma saca de palha para dar ao meus animais.

Tio Francisco: Descansa um pouquinho e vem mas é matar o bicho.

Tio António: Olha, tamem no está mal pensado e como estou cá com uma larica, aceito.

Tio Francisco: Atão, entra senta-te nesse escano enquanto vou à adega buscar um jarro de vinho para bebermos um caneco.

Tio Francisco: Oh Maria traz cá um naco de queijo e presunto e um cibo de pão mais umas azeitonas para matar o bicho ao António.

Tio António: Epá, tá cá um briol do caraças, o que vale é que tens aqui um rico lume! Estas rachas de carvalho e carrasco faz cá um braseiro, inté chega aqui a resura e com esta pinga a acompanhar não há frio que resista.
Oh António, olha que já bebi bom vinho este ano, mas uma pomada como esta tua ainda não a tinha bebido por aí.

Tio Francisco: Olha que não és o primeiro a gábalo, aqui à dias teve cá o Benjamim e disse-me o mesmo, sabes é das uvas do escudeiro que são docinhas como o mel.

Tio António: Olha, já está a escurecer, tá na hora de ir embora se não a minha Zulmira azeada como ela é, não tarda por aí a chamar-me e ainda me dá algum raspanete.

Tio Francisco: Oh António não me digas que tens medo da tua mulher! A Zulmira é tão boa pessoa, não é mulher para fazer um desplante desse.

Tio António: Isso dizes tu que não a conheces, é má como as cobras, aquilo não é mulher é o diabo em pessoa.
Bem, vou-me embora que ainda tenho que escaldar as nabiças para dar aos animais.

Tio Francisco: Olha as minhas já estão escaldadas e já estão na rua arrefecer para as deitar ao macho, depois dou-lhe uma ração de trigo, boto-lhe a palha e uma pinga d’água, fica ali bem tratado.

Tio António: Pois os meus, dou-lhes nabiças, palha e água e já gozam, agora como azeitona acabou já não precisam de comer tanto.
E por falar na azeitona, tu já apanhaste a tua toda? A minha já está pronta na fábrica à espera de vez para fazer o azeite.

Tio Francisco: A minha também está quase toda apanhada, mas ainda deixei 3 ou 4 oliveiras num olival nas arribas por apanhar, num picão que é difícil lá chegar e se calhar vão ficar por ripar, olha ficam para os pássaros que também precisam de comer.

Tio António: Bem, com esta me vou, ála que se faz tarde, uma boa noite e obrigado pelo mata-bicho e até à manhã se Deus quiser.




Manuel Pires

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