Em 1569 era ele o mestre da obra que se fazia no castelo de Freixo de Espada à Cinta. Eis a respectiva carta régia:
«Eu el Rey faço saber aos que este alvará virem que eu ey por bem e me praz, que em quanto durarem as obras que tenho mandado fazer no castelo da vylla de Freyxo despada cinta, de que he mestre Antonio Fernandez, os bois de caro e bestas do dito Antonio Fernandez, que servirem nas ditas obras, possão beber em quaes quer augoas que ouver no termo e lemite da dita vylla e asy posão amdar e pastar em quaes quer lugares defezos e coymeiros e nas coutadas da dita vylla, tiramdo a coutada dos prados de sememteira dos lavradores, em que não pastarão, e em todas as outras poderão amdar e pastar, como dito he, sem por yso pagarem coyma algûa e fazendo perda ou dano em pam, vinho, azeyte, ortas ou arvores de fruyto, ele Antonio Fernandez o pagara, segundo for alvidrada e estimada por pesoas que ho entendão, e asy ey por bem que os caros que servirem na dita obra posão pasar por quaes quer teras e erdades, não sendo tapadas, sem pagarem coyma, pagando a seus donos a perda que com yso fizerem, e asy me praz que ele posa pera a dita obra apanhar e cavar area homde quer que se achar sem por yso se pagar coyma e fazemdo se pera yso algûa cova ou covas quem as fizer as tapara as fara tapar a sua custa tanto que darea delas não ouver necesydade pera a dita obra, e porem as ditas covas se não farão em parte que faça dano a algûas arvores de fruyto nem em teras que estiverem semeadas ou alquevadas pera semear ou tapadas pera se nelas pramtarem vynhas, e este se comprira em quanto as ditas obras durarem ou eu não mandar o contrario ........... Baltezar Feraz o fez en Almeyrin a 5 de Março de 1569 ............... ».
«Antonio Fernandes.Mestre de cantaria que por 8:000 cruzados acceitou fazer calçadas e cinco olhaes de pontes e outras obras em Villarinho da Castanheira. Eis o alvará d’onde isto consta, passado por el-rei Filippe 2.°:
Eu el Rey faço saber a vos, provedor da villa da Torre de Memcorvo, que avendo respeito ao que os officiaes da câmara da villa de Vilarinho da Castanheira me enviarão dizer pella sua carta aqui junta, e vistas as enformações que sobre isso me forão dadas pelo licenceado Antonio Veloso, servindo de provedor dessa comarca; ey por bem e vos mando que torneis a por em preguão as obras e redeficação da calçada e cinco olhaes de pontes que se hão de fazer nos cinco ribeiros, de que na dita carta fazem menção, e as arematareis a pesoa que nellas fizer o mais baixo e seguro lanço, não passando de conthia de oito mil cruzados, que nas ditas obras ja lançou Antonio Fernandez, mestre de cantaria, o que assy fareis pella traça e apontamentos de que com este vos será o treslado asynado por João da Costa, meu escrivã da camara, e da contia em que assy forem arrematadas as ditas obras, fareis lançar finta pellos moradores das comarcas de Coimbra, Guarda, Vizeu, Torre de Mencorvo, Miranda, e Chaves com declarações que no lançamento da dita finta se tera respeito ao grande rendimento que acrece á barca do concelho da dita villa de Villarinho com as ditas obras se fazerem, para conforme a isso se lançar a ella a mais na dita finta, qual se lançara conforme a ordenação, e o dinheiro della se não podera despender em outra algûa cousa mais que nas ditas obras para se poderem fazer e acabar com a brevidade e deligencia que é necesaria...... e na repartição da dita contia tereis tal advertencia que as comarcas que tiverem mais continua pasagem pellas ditas calçadas e pontes paguem mais que os que tiverem menos pasagem .....................
Sebastião Pereira o fez em Lixboa a XX de Setembro de 1611».
No mesmo Dicionário faz-se menção de outro António Fernandes, mestre de pontes e de obras de cantaria, morador na Torre de Moncorvo, que por ordem régia de 10 de Fevereiro de 1612 foi incumbido de construir uma ponte sobre o rio Côa, na vila de Longroiva, cuja obra arrematara por 12000 cruzados. Para os gastos dela concorreram, além de outras comarcas: Miranda, Bragança e Torre de Moncorvo. Talvez este mesmo fosse o que construiu a ponte sobre o rio Quintela, entre a vila de Mós e Freixo de Espada à Cinta, como se vê do seguinte documento:
«Eu el Rey faço saber a vos provedor da comarca da villa da Torre de Moncorvo que os officiaes da camara e moradores da villa de Mos me enviarão diser que polla grande necessydade que avia de se fazer hûa pomte de pedraria no rio que se chama Quintella emtre a dita villa e de Freixo despada simta me pedião ouvese por bem que assy se ordenasse, ...... e como foi arrematada em quatro centos mil rs., que foy o menor lamço que nella fez Antonio Fernandez, mestre de obras, de que se tem emtemdido que a fara bem e com toda a seguramça que comvem para ficar segura, ey por bem e vos mando que façaes logo lamçar finta da dita comtia dos 400:000 rs. pollos moradores dessa comarqua e das comarcas de Miranda, Lamego e Pinhel, que pareceo que avião de pagar para esta pomte.........................
Lixboa a 24 de Outubro de 1608».
Depois, o autor no Suplemento menciona ainda outro António Fernandes, mestre da obra do castelo da vila da Torre de Moncorvo, em 1556, a quem el-rei perdoou por haver vendido duzentos alqueires de trigo a 110 e 115 réis o alqueire, pois mostrou que o recebera em paga de serviços da sua arte e não o havia comprado para revender.
Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança
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