Número total de visualizações do Blogue

Pesquisar neste blogue

Aderir a este Blogue

Sobre o Blogue

SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Carta de Frei Aleixo de Miranda Henriques, Bispo de Miranda dirigida ao Marquês de Pombal

Por escrito do correio ordinario desta Bragança recebi o maço dos indices respectivos aos dous tomos da Deducção Chronologica, obra verdadeiramente aurea, e digna de seu Autor, cujas duas partes se ficam já encadernando na conformidade da ordem ultima que Vossa Excellencia se dignou mandar-me, para fechar-se no cofre das tres chaves, em que a todo o tempo se acharão juntos todos os papeis, que eu pude conseguir, e dizem rellaçam á companhia daquelles roubadores do Universo que athé se atreveram sacrilegos a roubarem para si o nome de Jesus.
Por esta occaziam de por-me por carta aos pés de Vossa Excellencia (visto que a minha molestia me impedio fazelo em propria pessoa), ponho na sua presença haver sahido sentença, que na forma do Concilio Tridentino priva da cadeira Doutoral o conego Antonio Rodrigues de Araujo, mandado por hum nullo cabbido Procurador seu a essa Corte afim de não mudar-se para Bragança a Sé, como Sua Magestade dispunha no seu Real Decreto.
Ignorava ser alias ignorava eu ser em Coimbra formado o Padre José Manoel Magalhaens cappellão de Vossa Excellencia, e meu subdito. Com esta noticia, que agora me foi participada por hum familiar meu e seu patricio, e a de ser elle natural de Bragança, offereço para o mesmo a Provizam incluza, no caso de Vossa Excellencia, e o Excellentissimo Senhor Paulo de Carvalho seus amos e meus serem servidos despachalo com ella.
Fico também esperando o provimento da Abbadia da Bemposta para collar logo nella seu irmão, que sei ter outra capacidade, que não se acha no Tigre, presentado pelo Senhor Juiz da Inconfidencia, com grande pezar meu; como avisei ao mesmo Senhor em carta que fui entregar na sua propria mão em Oeiras, de que não consegui resposta.He certo que o tal Antonio Rodrigues de Araujo depois de Appellar para Braga aggravou para a Coroa no juizo do Porto, mas se Sua Magestade prestar seu Real consenso ao provido José Manoel Magalhaens, se findará logo a demanda, como se findou a do conego Coelho por mim provido e dado a este o Real consenso por Sua Magestade, e isto não obstante ter conseguido sentença no juizo da Coroa, seu contendor Miguel Luiz Teixeira circunstancia que no actual provimento não ocorre, nem podia ocorrer, levando eu a justiça desta causa á
presença do Excellentissimo Senhor João de Almada e Mello Regedor das Justiças no mesmo Porto.

Faça-me Vossa Excellencia a de conhecer e não duvidar ser seu mais fiel e amante criado. Frei Aleixo, Bispo de Miranda.
Bragança 17 de Julho de 1768».

Com a mesma data dirigiu o bispo D. Frei Aleixo de Miranda Henriques outra carta ao «Doutor e Abbade José Manoel Magalhaens», dizendo-lhe: que a pedido de Estêvão Pinto, oriundo da província de Trás-os-Montes, secretário do Desembargador do Paço, passara provisão da cadeira doutoral de que fora privado «no mez passado» o cónego António Rodrigues de Araújo, a favor de um filho do dito Pinto, aluno da Universidade de Coimbra; que em atenção a «seus amos e meus na inclusa para o Excellentissimo Senhor Francisco Xavier de Mendonça Furtado remetto Provisão para ser vocemecê conego Doutoral da minha Sé, pela vacatura, e sentença privativa do sobredito António Rodrigues de Araujo»; que emendaria assim o outro despacho feito a favor do filho do Pinto; que «não tema a demanda e fazendo que Sua Magestade lhe preste o seu Real consenso, venha logo collar-se, e verá acabada a demanda, assim como se vio extinta a do conego Coelho que actualmente he Doutoral na mesma Sé, e por mim provido, não obstante haver dado o juizo da Coroa sentença contra elle, a favor do seu contendor Miguel Luiz Teixeira, pois que acabou tudo assim que foi notificado o consenso Regio; e porque vocemecê o tem tanto de caza, devo dizer-lhe que não perca huma tam prompta, util, e tão honrada ocazião.
Estou prompto para collar tambem seu irmão na Abbadia da Bemposta, que por elle está esperando com bons quatro centos mil reis, se lha derem.
Agradeço a vocemecê o muito que tem favorecido o meu estribeiro; porem peço-lhe queira por mim interceder a Sua Excellencia para que me despache o Reverendo Beneficiado João Baptista com a licença de poder lançar a primeira pedra do novo Edificio desta Sé».

Estas duas cartas encontram-se no Museu Regional de Bragança, maço Cónegos, no provimento referente a José Manuel de Magalhães. Do respectivo processo consta que o cónego António Rodrigues de Araújo, natural de São Félix da Marinha, comarca da Feira, bispado do Porto, morreu em Bragança a 2 de Maio de 1771.

Apesar de tantas pressas, o doutor em cânones José Manuel de Magalhães, natural de Bragança, abade reservatário de Santa Maria de Louredo e comissário do Santo Ofício, só veio a colar-se em Podence (onde o bispo estava de visita na residência paroquial do abade doutor António Esteves Pinheiro de Figueiredo, ascendente colateral do autor destas linhas) em 1777, sendo já bispo da diocese D. Bernardo Pinto Ribeiro Seixas. Ignoramos os motivos da demora.

Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança

Sem comentários:

Enviar um comentário