A opinião pública e a comunicação social reagiram tarde à construção da Barragem de Foz Tua.
É a reação do Movimento Cívico Pela Linha do Tua (MCLT), numa fase em que o empreendimento hidroeléctrico da EDP está praticamente concluído.
Filipe Esperança, o coordenador do Movimento, lembra que o Plano de Mobilidade ainda está por cumprir e que nada garante que haja, de facto, investimento privado no turismo, para além do anunciado comboio turístico de Mário Ferreira.
“Há muitas contra-partidas que ainda não estão a funcionar. E o que se verifica é que, agora que já não há nada a fazer, e que há um paredão de 170 metros na Foz do Tua, é que os próprios populares e a comunicação social conheçam a querer revelar algumas das faces mais negativas desta obra.
Não sabemos ao certo qual foi o peixe que foi vendido no Vale do Tua, mas a verdade é que vamos observando que muitos populares têm uma ideia que é um pouco errada em relação à realidade. Um pouco distorcida. Ouvimos falar em hotéis, em restaurantes, em iniciativas privadas, quando sabemos que do Plano de Mobilidade nada disso faz parte, apenas a reposição do serviço de transporte para as populações.”
Não faltaram avisos, lembra Filipe Esperança, sobre os aspectos negativos desta construção.
“Nós avisámos. Nós, Movimento Cívico, e muitas outras entidades. A Plataforma Salvar o Tua foi incansável. O Movimento de Cidadãos em Defesa pela Linha do Tua, os Amigos do Vale do Tua, ao longo de todo este tempo, e estamos a falar de uma polémica com 8 ou 9 anos de existência, alertaram para várias questões. Como o nevoeiro, o aumento da humidade na região, a eutrofização das águas foram sempre foram falado e nem sempre foram ouvidos.
Agora estão a ser levantados porque estão a começar a acontecer. E é caso para dizer: nós avisámos que nem tudo seria ouro sobre azul. E constatamos que há várias versões negativas da história.”
Filipe Esperança vai mais longe, ao afirmar que os autarcas locais têm estado inertes nesta questão.
“Os autarcas continuam passivamente a assistir a tudo isto sem se perguntarem se estas medidas trazem algo de útil e bom à região.
Quanto a isso posso deixar uma última crítica: foi construído um Parque Natural do Vale do Tua nos escombros daquilo que era um verdadeiro Parque Natural. Recordo-me que em 2010 de o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR) dizer que a Linha do Tua não possuía critérios do ponto de vista paisagístico e cultural para ser classificado como Património de Interesse Nacional.
É muito curioso que depois de termos um paredão de 170 metros, milhares de árvores abatidas e toda a zona submersa, agora temos um parque natural no Vale do Tua, e que para esse há todas as classificações possíveis e imaginárias.”
Segundo o exposto no site da Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Tua, o Plano de Mobilidade vai entrar em vigor em março deste ano, e tem uma dotação financeira de 10 milhões de euros.
A Barragem de Foz-Tua que entrou em funcionamento em dezembro de 2016, e que neste momento está perto da cota máxima. Resta saber qual o impacto real deste empreendimento no desenvolvimento da região.
Escrito por ONDA LIVRE
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