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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 19 de junho de 2019

NOTÍCIAS DA ALDEIA

Por: Fernando Calado
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
A Estrelinha estava muito cansada. Melhorou. Adoeceu de novo. O cancro não perdoou. Faz um mês, entrou muito triste para casa, deitou-se no tapete, olhou-me com aqueles olhos onde cabia a eternidade e partiu para a grande pradaria do céu… Ainda hoje a ouço correr e ladrar pela noite dentro. Entardecia. Deixou-me em pranto uma companheira de tantos anos. Chorei como se fosse por um cristão... Ficou o seu filho Kiko, pura energia que ainda não conseguiu conquistar-me o coração. O amor precisa de tempo.
Mas na semana passada regressava a casa e uma gatinha branca estava no quintal. Ignorou-me de olhos baixos e não se aproximou. Fugiu. No dia seguinte voltou e já trazia dois filhos recém-nascidos. Deitei-lhe de comer. Durante vários dias procurava a comida sem se aproximar. 
Hoje eu amaciava a minha tristeza, a Estrelinha nunca mais viria comer no comedouro de tantos anos. Repetindo gestos e memórias deitei comida no velho comedouro da Estrelinha. Rituais. E, sem que nada o fizesse prever, a gatinha olhou-me nos olhos e meigamente aproximou-se do comedouro e sem medo fez a sua refeição como todos os dias fazia a Estrelinha.
… o céu existe mesmo… e é o lugar onde habitam os anjos… as pessoas boas, os animais… e os que amamos e nos abraçam… quando temos vontade de chorar.
… ficam os sinais… que o digam todos aqueles que me deixaram e regressam sempre… à beira da saudade… e dos enigmas.


Fernando Calado nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

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