quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Dizeres e Ditos na Carta Gastronómica de Bragança

Sr. João Augusto Paiva, 64 anos, Vive em Outeiro.
O que se cultivava mais era trigo, depois centeio. Agora, estão a plantar mais castanheiros e amendoeiras.
Ia-se ao rio Maçãs moer o trigo no moinho comunitário.
O Avô era peixeiro de barca, pescava nas presas com redes, trazia dois a três quilos de peixe de cada vez. Os barbos e as enguias ou eram para vender ou para dar a quem lhe emprestava as redes. O Avô nunca teve dinheiro para as comprar. Também era moleiro, muitas vezes vivia no moinho com a família e dois burricos, nos quais transportava cereal para moer e moído.
Ele participa em batidas aos javalis, prepara-os e confecciona-os. Para muita gente.


Sr.ª Dona Infância Germana Marrão82 anos, vive em Caravela.
Vivia-se mal. O pai morreu quando ela tinha três anos. Passava-se mal. Já foram sobrevivendo.
Possuíam um gadito, ovelhas e vacas. Ao irem guardar o gado levavam uma bolinha de pão com carne gorda. A vida era trabalhar, passavam-se dias inteiros na segada.
No Entrudo os comeres eram chouriço doce com cascas e pezinhos de porco. Mais tarde já tinha um forno, nele cozia pão preto, o trigo só nas festas. Nas malhas cantavam quadras passadas de geração em geração:
Ó senhora cozinheira/ o seu caldo cheira, cheira/ cheira a cravo, cheira a rosas/e a flor de laranjeira.
A Mãe quando ela e os irmãos eram pequeninos dava-lhes papas de castanhas. Um aventalzinho de chita e umas soquinhas abertas com preguinhos amarelos foram
um luxo recebido na Páscoa. De outra vez umas botinhas de borracha.

Carta Gastronómica de Bragança
Autor: Armando Fernandes
Foto: É parte integrante da publicação
Publicação da Câmara Municipal de Bragança

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