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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

QUE VIDA BOA É A DE LISBOA

A capital da república, que já foi do reino e do quase império, vive dias de júbilo, com os negócios do imobiliário a alimentar patos bravos, moedas a tilintar por todo o lado, um aeroporto congestionado a conhecer um upgrade na consideração da aviação internacional e o Terreiro do Paço a tornar-se o farol da gestão financeira pós-moderna.
Por vezes quase somos levados a sentir aquele frémito que perpassou algumas gerações de há um século, que quiseram acreditar num destino que nos colocaria no olimpo da história, ou o orgulho serôdio de glórias passadas, de que é exemplo memorável a fulgurante embaixada a Roma, com que o rei venturoso embasbacou a cristandade no princípio do século XVI. O pior é que, desses sonhos, caímos rapidamente no pesadelo que foram quarenta e oito anos de apagada e vil tristeza, enquanto outros rasgavam horizontes de liberdade e prosperidade.
O país tem vivido nestes quase nove séculos em verdadeira bipolaridade, embarcando em euforias estonteantes a que se seguem longos períodos depressivos, desanimados, rendidos à miseranda desilusão.
A capital não conheceu destino diferente, apesar dos arrufos de pretensão que lhe vão povoando o tempo, muitas vezes com efeitos gravosos para o resto do território e das gentes.
Lisboa não tem sido capaz de assumir a condição de cabeça da república, reincidindo em condutas que de nada servem para que o país mude de rumo. O que sentimos é que a voracidade da capital não tem forma de saciar-se e o país continua a sustentar verdadeiros caprichos dos que, por lá, atingem o desiderato tosco de se sentirem importantes para além das berças, donde partiram ao cheiro não da mirífica canela, mas de essências espúrias que o videirismo cultiva.
De facto, quem vive na capital usufrui de verdadeiros privilégios relativamente à generalidade dos restantes portugueses. Vejam-se as redes de transportes, subsidiadas por todos nós, com frequências que deixariam sem fala qualquer transmontano que possa conceber e esperar alguma liberdade de movimentos. Ele é a Carris, o Metro, os barcos nas travessias do Tejo, a grelha de auto-estradas, tudo partilhado, nos custos, com os desgraçados que deixaram de ver passar os comboios ou os autocarros de carreira, que já nem conhecem a cor dos táxis e também já não têm burros para montar a caminho do médico, dos correios, das finanças, da farmácia, do café… da vidinha mais simples.
Como se isto não bastasse, desde há algum tempo, à malta de Lisboa foi garantido um direito especialmente discriminatório dos restantes. Para entrar no castelo de S. Jorge, monumento nacional, toda a gente paga, menos os que residem no município capital. Não se vislumbra justificação para tal diferença, já que a conservação de tão simbólico espaço edificado é responsabilidade de todos os portugueses.
Os privilegiados lisboetas, que têm comodidades especiais, acesso a serviços como ninguém, ainda se reservam o direito ao abuso, provavelmente exibindo sorriso escarninho do rufia, que se gaba de enrolar os pategos.
Mais um exemplo do desprezo pelo país que a velha capital faz gala em ostentar.


Teófilo Vaz
in:jornalnordeste.com

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