A conclusão resulta de um estudo, realizado por investigadores do CIBIO-InBIO, um núcleo de investigação da Universidade do Porto. A equipa é liderada por Lorenzo Quaglietta. O biólogo aponta a forte regressão do número de sítios onde pode se encontrar a toupeira-de-água nas bacias dos rios transmontanos.
“Um dos resultados do estudo é que está em forte regressão. Nós temos visitado os mesmos locais que foram visitados há 20 anos atrás, pelo ICNF e temos verificado que houve uma forte diminuição na percentagem de sítios ocupados pela espécie. A toupeira-de-água foi encontrada numa pequena proporção nos sítios totais amostrados. Portanto, desapareceu de muitos locais onde antigamente havia e agora já não há”.
Enquanto na década de 1990 a toupeira-de-água foi encontrada em 85,1% dos locais avaliados, em 2015, o número apontado é de 31,1 % dos mesmos locais observados das duas vezes. A espécie ainda não está em risco crítico de extinção, mas os biólogos recomendam que seja considerada como espécie ameaçada”, adianta o biólogo.
“A espécie não está em risco de extinção, mas está ameaçada. Corre algum risco e os padrões são um ‘bocadinho’ preocupantes quer em Portugal. Foi isso que verificamos no nosso estudo, mas também em estudos publicados na França e em Espanha. Isto é, nos três países onde a espécie ocorrem tendências parecidas e nasce já alguma preocupação”.
As causas do seu progressivo desaparecimento, estão relacionadas com a perda de habitat, as alterações climáticas e espécies invasoras que já se tornaram comuns naquelas bacias hidrográficas, como os lagostins-americanos, que podem competir com a toupeira-de-água, e um parente da lontra, o visão-americano, que preda a toupeira-de-água. Os resultados desta investigação foram publicados há dias na revista científica “Animal Conservation". No artigo, é sugerido que a toupeira-de-água seja "redefinida internacionalmente para o estatuto de ameaçada”.
Escrito por Brigantia
Foto: Lorenzo Quaglietta
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