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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 8 de julho de 2022

“Candidaturas Republicanas no Distrito de Bragança”

Em 25 de março de 1908, A Pátria Nova insere um grande anúncio das “Candidaturas Republicanas no Distrito de Bragança”. Havia dois nomes de peso entre os candidatos: Alves da Veiga, advogado, o chefe civil da Revolta do Porto de 31 de janeiro, uma figura com projeção nacional, e João José de Freitas, advogado e professor de liceu, que, com um percurso político de grande militância republicana, desempenhou, como já sugerimos, um importante papel na “republicanização” de Bragança e seu Distrito. Juntam-se a estes dois nomes Júlio Pimentel Martins, proprietário e capitalista, e Domingos Frias, advogado. 

Abílio Beça, estrénuo defensor dos interesses de Bragança

Nenhum dos candidatos por este círculo seria eleito.
Neste mesmo ano, para as eleições da Câmara Municipal, concorre uma lista conjunta de monárquicos, cidadãos apartidários e republicanos. Teria sido formada, em princípio, por iniciativa de Abílio Beça – chefe do Partido Regenerador que se distingue pela atividade cívica e política e pela defesa dos interesses regionais, como se reconhece no elogio póstumo que se tece a este ilustre brigantino, no último número da Gazeta de Bragança.
As informações são ainda elucidativas acerca do funcionamento das redes de amizades e do tráfico de influências, mas continuam a atestar – o que muito interessa a quem tenta caracterizar atmosferas e ambiências – a aproximação entre o campo e a urbe. Para essa eleição da Câmara, Abílio Beça dá provas manifestas do seu espírito patriótico, preferindo, a amigos afeiçoados, “a escolha de cidadãos independentes e inteligentes, republicanos alguns, com o fim, somente, de administrarem com escrúpulo o Município”, como se lê na última Gazeta.
A Pátria Nova, em 28 de outubro de 1908, vai insinuar que a proposta da lista conjunta teria resultado da iniciativa dos republicanos. “Aos eleitores do Concelho de Bragança: O Partido Republicano local, cônscio da sua missão patriótica, ponderando que na eleição das vereações não se devem agitar as paixões políticas, resolveu propor a seguinte lista de homens de bem, de todos os partidos e de cavalheiros que não estão ostensivamente inscritos sob qualquer bandeira partidária. O Município, sendo a mais antiga e mais importante das regalias locais, não pode ser um campo de batalha de princípios políticos, mas uma família, no governo da qual todos os membros devem tomar parte.”
E dá-se a conhecer “a lista que os cidadãos republicanos apresentam ao sufrágio do eleitorado do Concelho de Bragança. Efetivos: Conselheiro Abílio Augusto de Madureira Beça, advogado e professor de liceu; dr. José Joaquim Pinto, médico; dr. José Marcelino de Sá Vargas, proprietário; António Dias, comerciante; dr. Eduardo Ernesto de Faria, advogado e professor do liceu; Acácio Augusto Mariano, farmacêutico; Augusto Xavier da Veiga Valente, proprietário; Francisco de Moura Coutinho de Almeida Eça, agente do Banco de Portugal; João de Deus Afonso Dias, comerciante”.
Esta coligação demonstra um certo tacticismo do Partido Republicano que, nos anos precedentes à instauração da República, não hesitou em unir-se com os monárquicos. Num meio em que os republicanos pouco contavam, era uma das maneiras de estar no poder. Também demonstra o peso e o prestígio de Abílio Beça, que impõe aos seus correligionários, em nome dos interesses da coletividade, uma aliança que se afigura estranha.
Mas o que comprova, essencialmente, é que, independentemente das razões que possam ter assistido às forças nelas implicadas, os republicanos participaram precocemente, durante 15 meses, na governação local.

Título: Bragança na Época Contemporânea (1820-2012)
Edição: Câmara Municipal de Bragança
Investigação: CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade
Coordenação: Fernando de Sousa

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