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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 6 de novembro de 2018

A Gulbenkian e a minha avidez de leitura - 2ª PARTE

Por: António Orlando dos Santos (Bombadas)
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Foi um processo simples de aprendizagem, que sem método que enquadrasse disciplinas e as separasse como se de elementos estanques se tratasse.
Durante o dia trabalhávamos nas várias artes e ofícios que cada um de nós tinha como ganha-pão e ao fim do dia como um hábito, encontrávamo-nos nos cafés ou em qualquer outro sítio e havendo milhentos assuntos a conversa fazíamo-lo com a mesma atitude com que durante o dia cumpríamos com os deveres que nos tinham sido atribuídos.


Normalmente e dado o facto de haver sempre presente a suspeita de ouvidos "bufos" que por razões fúteis e caprichosas ideassem fazer acusações de factos em que uma simples frase fora do contexto pudesse conduzir a situação de embaraço à família ou no trabalho era em locais mais ou menos reservados que reuníamos! Quero deixar claro que nunca nenhum de nós foi incomodado por qualquer acusação ou denúncia e a razão foi a de que todo o corpo de Polícia nos conhecia como rapazes educados e cumpridores dos nossos deveres e isso bastou sempre para a nossa aceitação pelos mais velhos e sensatos de todas as condições sociais e fidelidades políticas.
É um facto que discutíamos todos os assuntos que a sociedade discutia e que eram invariavelmente analisados pela lógica esquerdista que se havia apoderado da simpatia das classes mais expostas à cobrança dos caprichos ou da rapina que, hoje, me parece, não ser mais honesta, antes muito menos, do que era a daquele tempo.
A literatura foi sempre o tópico dominante que sempre se sobrepôs aos outros e à volta do qual se faziam as argumentações a propósito, sendo que era notório o interesse mais evidente em alguns e menos noutros.
O Manuel Rodrigues era o moderador, e foi o principal impulsionador do gosto e do prazer que as páginas de O Germinal de Émile Zola ou as de Bel-Ami de Guy de Maupassant nos causaram e do que significaram para nós as explicações que de bom grado nos dava quando a dúvida sobre qualquer coisa complicada estava para além do nosso raciocínio ainda pouco habituado a ideias criptadas subliminarmente como as que eram intuídas nos livros de Alves Redol ou Soeiro Pereira Gomes.
Havia tempo para tudo, para a tertúlia do Augusto Verbo ou do Zé Machado, os bailes do Santo António no Castelo, com quartel general na tasca do Terrão onde uma vez abancou numa tarde, tocando acordeão e só se levantou no dia seguinte à noite, comendo, bebendo e tocando, até que o António Barril o foi buscar, levando-o para casa pois já nem força tinha para se levantar e mesmo assim ainda terminou com a música de Zeca Afonso, Venham mais cinco.

A palavra Gulbenkian servia para designar todas as implicações que a vinda de Calouste, o Senhor 5% trouxe consigo para Portugal. Arte, Refinamento Diplomático, Influência e Negócios, Dinheiro do Petróleo e a confiança ilimitada que este Mecenas dispensou a Salazar e ao Dr. Azeredo Perdigão. Foi como ganhar na Lotaria, tocou-nos a Sorte Grande e a elite da Nação sem se deslumbrar como aconteceu com as especiarias da India ou os quintos do Brasil, soube administrar bem e dar ao povo "mais pão , habitação, saúde, educação/liberdade de falar e decidir/. Tudo Isto através da Rede de Bibliotecas Ambulantes da Fundação Calouste Gulbenkian, que aceitou nos seus quadros os sonhadores deste país que espalharam a boa nova do conhecimento para todos e o distribuíram muito democraticamente! Ao Manuel da Gulbenkian bem assim como a todos os que o antecederam deixo uma palavra de agradecimento pelo muito que nos deram e ensinaram.
A Branquinho da Fonseca, Antonio Quadros e aos que lhe sucederam um muito Obrigado extensível ao Dr. Azeredo Perdigão e a Calouste Gulbenkian um arménio feito português.




Bragança 04/11/2018 
A. O. dos Santos
(Bombadas)

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