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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 10 de abril de 2019

DORMIR NO CONVENTO DE BALSAMÃO EM SILÊNCIO E PAZ

Passar uns dias no Convento de Balsamão é uma experiência única. Sabe o que é viver em recolhimento? Não tem modo de explicar, é vivencial. Dialoga-se com religiosos, partilham-se culturas e a beleza natural do Convento localizado no alto de um monte no concelho de Macedo de Cavaleiros. Sem qualquer exigência ou preconceito religioso.
Vista para o Convento

Rapidamente se percebe que estamos a ter uma experiência única devido ao contato direto com a comunidade dos Padres Marianos da Imaculada Conceição.Rapidamente se percebe que estamos a ter uma experiência única devido ao contato direto com a comunidade dos Padres Marianos da Imaculada Conceição.

Eles são de uma ternura enorme e estão sempre disponíveis para um diálogo. Fazem-no com toda a naturalidade. Um deles, de origem polaca, tem mais de 90 anos.



Os visitantes encontram-se frequentemente com os membros da comunidade porque são partilhados alguns espaços, como por exemplo o restaurante, o café e a sala em cada piso que tem uma televisão. Os quartos não têm tv. Está na sala comum para promover o encontro e a conversa.
Capela do Convento créditos: Who Trips

Nos rituais religiosos os religiosos também se cruzam com os visitantes. Todos são convidados a estarem presentes. Só vai quem quer. Para se visitar ou ficar alojado no Convento de Balsamão não há qualquer vínculo ou obrigação religiosa.
Padre Basileu Pires créditos: Who Trips

O Padre Basileu Pires refere que este é um lugar especial. O espaço funciona essencialmente como um retiro, uma fuga ao stress, um passeio, ou um retiro espiritual.

Silêncio e paz são os lema que os visitantes apreendem de imediato. Há um ambiente de partilha, diálogo e descoberta de um valioso património histórico, religioso e natural. Tudo em liberdade e no recolhimento que cada um escolhe ao longo do dia.

A rotina da comunidade tem quatro rezas diárias. Às 7h, a Eucaristia ao meio dia, o Terço às 15h e as Vésperas às 19h. Foi a esta oração que assisti, na capela. É um templo pequeno, sóbrio e a madeira é o material que domina.

Igreja do Convento créditos: Who Trips

A igreja é muito diferente. A origem é do século XVII e foi recuperada em 2010. É deslumbrante.
Teto da igreja créditos: Who Trips

Quando se desce o corredor e se olha para o interior da igreja os olhos fixam-se na beleza das pinturas do teto.
Retábulo da igreja créditos: Who Trips

O retábulo é setecentista e ao lado está um conjunto único de estátuas, com Santa Ana, que é único na Península Ibérica. Numa das paredes é visível um fresco original que foi descoberto quando do restauro.

É nesta igreja que se realiza a missa dominical. Qualquer pessoa pode assistir, como também durante a semana à Eucaristia do meio dia. Por solicitação o Convento realiza outros serviços religiosos.


Os rituais são realizados de modo tradicional, em particular na Páscoa em que há muitos visitantes.
Igreja e entrada do Convento créditos: Who Trips

O convento tem disponíveis 35 quartos para os visitantes e em algumas épocas do ano juntam-se muitas pessoas. É também o caso do Natal e a passagem de ano que tem lugar na capela. Só quinze minutos depois do ano entrar é que é aberto o champanhe. Uma outra altura que reúne muitos visitantes é na Semana da Espiritualidade que se realiza anualmente na quarta semana a seguir à Páscoa.

Um ambiente único


Um outro motivo porque o ambiente do Convento propicia uma experiência única é porque não foi alterada a fisionomia da casa nem as rotinas da comunidade religiosa por causa dos visitantes.
Área comum na casa do convento créditos: Who Trips

Como o arquiteto que desenhou as instalações na recuperação das ruínas em meados do século passado gostou de adensar a descoberta o resultado é um espaço labiríntico. Corredores, escadas, salas... que se cruzam e desdobram. Nos dois pisos.


Há uma ala reservada para a comunidade religiosa e o acesso está assinalado.
Claustro créditos: Who Trips

É no claustro que temos uma noção mais próxima da dimensão da casa do Convento de Balsamão. O claustro tem muitas laranjeiras e aves que aproveitam o sossego e fazem também um retiro.
Museu com imagem de antigos membros da comunidade religiosa créditos: Who Trips

Em termos patrimoniais o Convento tem ainda um museu com muitos objetos de arte sacra desde o século XVIII, pinturas e fotografias dos vários membros da comunidade.
Padre Frei Casimiro créditos: Who Trips

Um outro espaço “museológico” que se pode visitar é o quarto o Padre Frei Casimiro. José Wyszinski, de origem polaca, foi o fundador da Congregação dos Marianos de Balsamão. Chegou aqui em 1754 e morreu um ano depois. Os populares chamaram-no de “Santo Polaco” devido à estima que recolheu. O quarto tem alguns objetos pessoais e pretende reproduzir o modo simples e austero quem que vivia.

Um dos cinco "umbigos da Terra"


O exterior do convento é o terceiro motivo que transforma a passagem por Balsamão numa experiência singular.
Convento no topo do monte créditos: Who Trips

O convento está no topo do Monte do Carrascal mas que hoje adoptou o nome do Convento, no concelho de Macedo de Cavaleiros. A 550 metros de altitude. A subida é íngreme e quando entramos na propriedade do convento passamos ao lado de sete capelas brancas, cada uma com o seu significado.
A primeira das sete capelas créditos: Who Trips

No topo, próximo da casa, está uma estátua de Frei Casimiro. Além das construções religiosas o mais relevante é a paisagem natural. Não muito longe está a Serra de Bornes, o “monte mel” e em sentido oposto está a aldeia e o Monte Morais que tem uma vegetação rasteira e é pouco fértil. Por isso é designado de “Monte Maldito”. Será um dos “cinco umbigos do Mundo” e faz parte do Geoparque Terras de Cavaleiros.
Poço dos Paus créditos: Who Trips

Um dos geossitios do Parque, o Poço dos Paus está dentro da propriedade do convento e revela rochas que se formaram no fundo do antigo oceano Rheic. As rochas são grandes, mais escuras e formam o leito de uma ribeira. É um lugar calmo, com muitas árvores e em anos chuvosos a ribeira pode funcionar como praia fluvial.

O Convento de Balsamão tem ainda um outro lugar muito aprazível: as Termas da Abelheira. Ficam no meio do monte e estão rodeadas de verde. Nesta altura o balneário está desativado.

Milagre da Senhora com bálsamo na mão créditos: Who Trips

Foram termas famosas e além das propriedades da água sulfurosa havia a associação à história da senhora com um bálsamo na mão (que está no origem da eremita e do santuário) que curou as feridas dos soldados cristãos e ajudou a vencer os mouros provocando uma chacina. Daí o nome de “Chacim” à terra vizinha do convento.

A comunidade pretende agora reativar as termas mas com o balneário junto ao convento.

Os visitantes podem ainda partilhar experiências como tratar dos animais, colher laranjas e figos da índia e ajudar na reflorestação com espécies autóctones.
Tratar dos animais é uma experiência possível créditos: Who Trips

Podem também ajudar nos cereais que vão ser produzidos para uma cerveja artesanal. Esta cerveja tem um contexto histórico interessante: um dos fundadores da comunidade, de origem checa, convenceu os restantes que durante a Páscoa cada um deles devia beber cinco litros de cerveja por dia. Trouxe uma receita que vai agora ser retomada (e não é apenas para o período pascal).
Os doces e o sumo de laranja são produzidos no convento créditos: Who Trips

No convento são ainda produzidos doces de frutas que são servidos ao pequeno almoço e também podem ser adquiridos pelos visitantes.

O objetivo destes rendimentos é garantir a sustentabilidade económica da comunidade e a sua autonomia de modo a diminuir os riscos da extinção neste local.

Dormir no Convento de Balsamão em silêncio e paz faz parte do podcast semanal da Antena1
Vou Ali e Já Venho
Viagens Sapo

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