Têm cerca de cinco minutos e mostram testemunhos de pessoas comuns – desde agricultores, criadores de ovelhas, operadores de ecoturismo a pessoas comuns de comunidades rurais -, cada um com as suas estratégias.
Os testemunhos foram recolhidos na Finlândia, Noruega, Alemanha, França, Eslováquia, Itália, Espanha, Portugal, Polónia, Áustria e Hungria.
Apesar de diferentes, estas pessoas têm em comum o aceitarem e apreciarem a presença de grandes carnívoros como símbolos de ecossistemas saudáveis.
Urso-pardo (Ursus arctos), Kremnické vrchy, Eslováquia. Foto: Tomas Hulik |
“Estes 32 vídeos comprovam que a coexistência entre pessoas e grandes carnívoros é possível, desde que exista disponibilidade para aprendermos uns com os outros e que sejam usadas ferramentas certas”, comentou, em comunicado, Ângela Morgado, directora executiva da ANP|WWF.
Segundo estimativas oficiais, existem actualmente cerca de 17.000 lobos, 17.000 ursos, 9.000 linces e 1.250 glutões na Europa.
Glutão (Gulo gulo), Finlândia. Foto: Staffan Widstrand/WWF |
Portugal faz parte dos países onde está a decorrer este projecto, por ter populações de lobo-ibérico e lince-ibérico.
No caso português, o documentário foi filmado em Castro Laboreiro, no Gerês, e os protagonistas são Pedro Alarcão e Anabela Moedas, proprietários de uma empresa de ecoturismo que promove passeios a cavalo em território de lobo-ibérico e também a importância de conservar esta espécie selvagem.
“É possível coexistirmos com o lobo e é possível tendo animais”, conta Anabela Moedas no documentário. “A prova disso é que estamos na zona do país com a segunda maior população de lobos, estamos aqui há quase 16 anos, temos 18 cavalos e nunca tivemos nenhum prejuízo.”
Esta convivência é conseguida seguindo algumas regras: recolher sempre os animais quando a noite se aproxima e recorrer à preciosa ajuda dos seus 12 cães.
“O lobo já tentou várias vezes, mas nunca conseguiu”, recorda Pedro Alarcão. “O lobo prefere caçar de forma fácil e os cães não lhe dão vida fácil.”
“Todas as espécies na natureza são importantes. Não podemos tirar nenhuma. Não podemos tirar o lobo da natureza”, salienta.
Anabela Moedas lembra as consequências se isso acontecer. “Se o lobo desaparecer, a população de cervídeos vai aumentar. Se isto acontece, o número de árvores e de plantas diminui. Tudo se desestabiliza.”
No documentário feito no Gerês – pela Hakawati Film, de Ofélia de Pablo e Javier Zurita -, Pedro Alarcão considera o lobo “um símbolo de liberdade, de força, do selvagem. E é um incompreendido”.
Esta campanha de vídeos na Europa faz parte do projeto LIFE EuroLargeCarnivores, financiado pela UE e com coordenação da WWF Alemanha. O projecto (2018 a 2022) tem como objectivo fornecer uma plataforma para o intercâmbio de boas práticas na coexistência de grandes carnívoros com humanos e entre as várias partes interessadas.
Lince-ibérico na Serra Morena, Espanha. Foto: Alfonso Moreno/WWF Espanha |
Mais de 16 países cooperam e partilham conhecimento e informações além-fronteiras. “Esse conhecimento vai desde diferentes abordagens até à gestão dos desafios sociais, económicos e ecológicos que acompanham os lobos, os ursos, os linces e os glutões, até soluções práticas como a proteção dos animais”, explica a ANP-WWF.
“Em Portugal, queremos dar diferentes ferramentas de comunicação aos que estão a trabalhar com o lobo-ibérico e abrir mais vias de comunicação entre essas entidades, como as câmaras municipais dos territórios ocupados pelo lobo e organizações de conservação”, explicou à Wilder Marta Barata, responsável pela Comunicação na ANP-WWF. “Isso passa, por exemplo, pela realização de workshops de partilha de experiências, incluindo boas práticas na coexistência com os grandes carnívoros que estão a resultar em outros países.”
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