O circo que está em Bragança integra um tigre branco no espectáculo. Depois de em 2009 se ter determinado o fim da compra e reprodução de animais selvagens e de em 2019 se impor a retirada dos animais da pista, num período máximo de seis anos, os animais acabaram por desaparecer dos circos. Este é mesmo o único em Portugal. E perante tudo isto, algumas críticas foram surgindo nas redes sociais, nos últimos dias. Contudo, quem já foi ao circo reclama a falta dos bichos. “Nunca falto ao circo, porque é um pedaço que se passa bem passado. Os animais sendo bem tratados, fazem muita falta, muitas das pessoas que vinham já não vêm por causa de não os haver, tudo isto faz com que a alma do circo acabe, um bocado, por se perder”, sublinha.
O tigre branco do Circo Arena ainda pode ser exibido mas terá que ser retirado de pista até 2026. Foi comprado há 12 anos porque os donos, Susana e o marido Márcio, não poderiam continuar a fazer o que faziam. Eram trapezistas mas a falta de visão e a idade determinou o fim dessa carreira. Assim, tendo que se reinventar, adquiriram o animal para poder seguir outro caminho no circo e a verdade é que o bicho é considerado família.
“Não vou entregar o meu animal. É como se fosse família. Além disso, não conhece a espécie, portanto, se for para um parque, não conhecendo os outros tigres, acaba por lutar com eles e será vencido porque é o elo mais fraco. Pode mesmo morrer”, esclareceu a proprietária do Arena.
Susana Torralvo assume descontentamento com a lei, já que garante que nunca os animais foram mal tratados. Nem no Arena nem noutro circo.
Apesar dos lamentos, não há muito a fazer. Nem mesmo na questão dos apoios. “Foi aprovada, já no ano passado, uma verba de mais de 300 mil euros, para dar aos domadores de animais selvagens para os ajudar a seguir outro caminho, dentro das artes circenses. Até agora não nos chegou um cêntimo. Foi tudo uma treta”, afirmou.
Jonátas Freitas é um dos três filhos de Susana Torralvo. A pandemia, que fez parar o circo, fê-lo perceber que é mesmo por aqui que quer fazer vida. O jovem é malabarista e palhaço e além disso frequenta a escola itinerante. Um esforço acrescido mas os estudos são fundamentais, apesar de prever fazer vida pelo circo. “Nunca se sabe quando pode acontecer alguma coisa, como aconteceu agora, com a Covid-19, e precisemos arranjar outro trabalho”, esclareceu o jovem.
Sandy Maccabi, de 19 anos, também integra o Arena. É contorcionista e fala de uma vida completamente preenchida. “Isto é maravilhoso. Não me imagino a fazer outra coisa. Gosto muito do circo, sempre gostei. Quando era mais pequena subia a palco para fazer algumas pequenas actuações”, conta a jovem.
O Circo Arena integra três famílias e foi criado, há nove anos por Susana Torralvo e pelo marido.
O único animal selvagem que o circo tem e sempre teve é mesmo este tigre branco. O circo esteve de portas abertas no fim-de-semana prolongado e estará também nesta sexta-feira, sábado e domingo.
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