Já lá vão muitos anos, mas nunca me esqueci deste diálogo que a minha professora do ensino primário nos fez saber – exemplo que vinha no livro e nele confirmava a regra da pontuação:
“- Que horas são?
- Onze e dez.
- Certas?
- Em ponto!”
Sempre que oiço dizer a alguém que vai voltar à hora certa, olho logo para o relógio; e se, por exemplo, são quinze e cinquenta e cinco ou cinquenta e nove, não tenho dúvida do que quer dizer com essa expressão: vai voltar às dezasseis; porém, logo a mente me transporta à escola “lá da terra” e me lembra que as onze e dez também são muito bem a hora certa. De facto, salvo melhor opinião, todas as horas são horas certas: as seis, as vinte e uma e trinta e oito, as dezanove e vinte, e assim por diante…
Também quando alguém se lembra de introduzir no diálogo uma qualquer expressão que lhe parece mais apropriada para entendermos o que nos quer transmitir, imediatamente começo a criar anticorpos contra ela. É o caso de “à última da hora”, em vez de “à última hora”. Não sei porquê; mas parece-me que quem sente preferência pela primeira destas expressões poderá estar a querer apoiar-se a qualquer coisa que lhe faz falta, pelo que, usando-a, irá sentir maior segurança! Outra que me parece não ter sentido é “à séria”, em vez de “a sério”.
Mas, porque as palavras – diz-se – são como as cerejas (quando se puxa uma, vem logo uma dúzia), aproveito para lembrar outras situações que também são caras a muita gente: “As mais das vezes…” parece-me igualmente uma expressão a rejeitar, em vez de “A maior parte das vezes…”; ou, então, como vem sendo moda há bastante tempo: “O a… comboio das a… dezoito horas chegará a… meia hora atrasado, devido a trabalhos na linha”; ou: “Os a… trabalhadores do metro encontram-se em greve no a… período da manhã”. Esta vogal que começa as frases e nelas se intercala constitui uma quase impercetível pausa. Mas nota-se.
Mais dois exemplos: “Se precisar, nós podemos ajudar-lhe”, em vez de “Se precisar, nós podemos ajudá-lo (a)”; e “Ele disse que fazia-lhe diferença não conduzir, porque o médico ainda não pronunciou-se sobre a recuperação, quando o médico o consultou”, em vez de “Ele disse que lhe fazia diferença não conduzir, porque o médico ainda não se pronunciou sobre a recuperação, quando foi consultá-lo”.
Sem pretender criticar seja quem for, quando oiço expressões como as acima citadas ou outras idênticas, procuro ficar calmo e nunca tentar interagir! Cada um fala como pode e sabe, porque, como julgo consensual, o que vale mais são as ideias e não os erros de linguagem ou de escrita que se cometem, ao expressá-las. E porque assim é, tudo o que, a este propósito, aqui deixo registado se traduz numa humilde opinião.
Entretanto, não digo que, numa roda de amigos, ou na conversa do dia a dia, não possa utilizar-se uma linguagem algo desprendida e descuidada, a qual é bastante diferente daquela a que deve recorrer-se, quando se fala para grandes audiências. Neste caso, requer--se e exige-se muito cuidado, não vão as pessoas que assistem repetir os erros que ouvem.
“- Que horas são?
- Onze e dez.
- Certas?
- Em ponto!”
Sempre que oiço dizer a alguém que vai voltar à hora certa, olho logo para o relógio; e se, por exemplo, são quinze e cinquenta e cinco ou cinquenta e nove, não tenho dúvida do que quer dizer com essa expressão: vai voltar às dezasseis; porém, logo a mente me transporta à escola “lá da terra” e me lembra que as onze e dez também são muito bem a hora certa. De facto, salvo melhor opinião, todas as horas são horas certas: as seis, as vinte e uma e trinta e oito, as dezanove e vinte, e assim por diante…
Também quando alguém se lembra de introduzir no diálogo uma qualquer expressão que lhe parece mais apropriada para entendermos o que nos quer transmitir, imediatamente começo a criar anticorpos contra ela. É o caso de “à última da hora”, em vez de “à última hora”. Não sei porquê; mas parece-me que quem sente preferência pela primeira destas expressões poderá estar a querer apoiar-se a qualquer coisa que lhe faz falta, pelo que, usando-a, irá sentir maior segurança! Outra que me parece não ter sentido é “à séria”, em vez de “a sério”.
Mas, porque as palavras – diz-se – são como as cerejas (quando se puxa uma, vem logo uma dúzia), aproveito para lembrar outras situações que também são caras a muita gente: “As mais das vezes…” parece-me igualmente uma expressão a rejeitar, em vez de “A maior parte das vezes…”; ou, então, como vem sendo moda há bastante tempo: “O a… comboio das a… dezoito horas chegará a… meia hora atrasado, devido a trabalhos na linha”; ou: “Os a… trabalhadores do metro encontram-se em greve no a… período da manhã”. Esta vogal que começa as frases e nelas se intercala constitui uma quase impercetível pausa. Mas nota-se.
Mais dois exemplos: “Se precisar, nós podemos ajudar-lhe”, em vez de “Se precisar, nós podemos ajudá-lo (a)”; e “Ele disse que fazia-lhe diferença não conduzir, porque o médico ainda não pronunciou-se sobre a recuperação, quando o médico o consultou”, em vez de “Ele disse que lhe fazia diferença não conduzir, porque o médico ainda não se pronunciou sobre a recuperação, quando foi consultá-lo”.
Sem pretender criticar seja quem for, quando oiço expressões como as acima citadas ou outras idênticas, procuro ficar calmo e nunca tentar interagir! Cada um fala como pode e sabe, porque, como julgo consensual, o que vale mais são as ideias e não os erros de linguagem ou de escrita que se cometem, ao expressá-las. E porque assim é, tudo o que, a este propósito, aqui deixo registado se traduz numa humilde opinião.
Entretanto, não digo que, numa roda de amigos, ou na conversa do dia a dia, não possa utilizar-se uma linguagem algo desprendida e descuidada, a qual é bastante diferente daquela a que deve recorrer-se, quando se fala para grandes audiências. Neste caso, requer--se e exige-se muito cuidado, não vão as pessoas que assistem repetir os erros que ouvem.
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