A bactéria afecta mais de 300 espécies e é transmitida através de insectos que obstruem o sistema da planta, acabando por morrer. Amândio Esteves está preocupado, porque não há tratamento para a doença e todas as plantas do viveiro vão ter que ser destruídas.
“Preocupa-me, porque eu vou ser obrigado a destruir as plantas que tenho no viveiro. É a produção toda deste ano que não posso comercializar, oliveiras e amendoeiras e outras plantas estão imobilizadas. São 60 a 70 mil euros”, frisou.
No raio de 50 metros do viveiro vai ser tudo arrancado e no de 2,5 quilómetros não se podem fazer plantações de plantas sensíveis à bactéria. Amândio Esteves aguarda mais indicações da Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária, para saber quais os procedimentos a tomar. Nem sabe se vai ser indemnizado.
“Até novos procedimentos da DGAV não podemos mexer nas plantas. Não sabemos se vamos ser indemnizados, se não vamos, como é que vai ser a destruição das plantas, estamos a aguardar”, referiu.
A Associação de Produtores em Protecção Integrada de Trás-os-Montes e Alto Douro já se disponibilizou para trabalhar em soluções de monitorização da bactéria. O presidente da APPITAD, Francisco Pavão, espera que os prejudicados sejam ressarcidos.
“Nós temos que garantir que haja indemnização quer para o viveiro, quer para os olivicultores ali à volta que vão ver as suas oliveiras arrancadas. Espero que o Estado português aplique o regulamento europeu que prevê essas compensações aos agricultores”, referiu.
Paula Baptista é investigadora no Centro de Investigação de Montanha do IPB e já esteve envolvida num projecto europeu sobre a Xylella Fastidiosa. Admite que a bactéria pode trazer consequências económicas à região, mas salienta que não é preciso criar alarmismo.
“Esta bactéria é particularmente grave, porque tem como plantas hospedeiras espécies que são muito importantes em termos económicos na região, porque pode causar doença em oliveira, amendoal, videira. Deve ser visto com preocupação, mas não com alarmismo, até porque a nível europeu já há conhecimento sobre a bactéria”, frisou.
Para já a doença provocada pela Xylella ainda não tem cura. A mitigação só pode ser feita com a adopção de um conjunto de medidas usadas de forma combinada, como a criação de uma zona tampão e a destruição das plantas.
A Xylella foi identificada em Itália, em 2013, e chegou a Portugal, em 2019. Este ano, foram detectados os primeiros casos em Mirandela e no Fundão.
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