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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 16 de janeiro de 2024

PREÇO DE PELLETS DESCE MAS LENHA CONTINUA A SER OPÇÃO NO INVERNO

 Valor do saco de pellets caiu para metade, em relação ao ano passado, o que fez aumentar a procura, no entanto ainda há quem prefira a lenha


O preço dos pellets, em Portugal, já está, de novo, este Inverno, perto daquilo que era a realidade de outros tempos. Os pellets chegaram quase a triplicar e, por isso, para quem utilizava esta solução, no que ao aquecimento diz respeito, o Inverno passado foi pesado. Em 2021 um saco de 15 quilos de pellets tinha, sensivelmente, o valor de 3,50 euros e no Inverno seguinte chegou a custar cerca de 10 euros. Desta feita, para muitos não restou outra alternativa se não trocar de solução e foram bastantes as pessoas que deixaram os pellets pela lenha. Agora, cada saco custa, em média, cerca de 5 euros, ou seja, pouco mais de um euro do que em 2021. O preço, ainda que um bocadinho maior, em nada se compara aos 10 euros por saco. Mas será que quem trocou os pellets pela lenha voltou agora aos pellets? As opiniões dividem-se. Há lenhadores que dizem que vendem o mesmo que no passado e há outros que dizem que há uma quebra. Já quem vende pellets diz que, claro, se nota uma subida em relação ao Inverno passado.

Pellets voltam a ser muito procurados

Na Reconco, em Bragança, não há mãos a medir. A venda de pellets volta a fazer-se em força. Segundo referiu uma das funcionárias, Joana Carvalho, “há mais procura devido ao preço estar mais baixo, mais acessível”. “Em 2022/23, os clientes passavam por aqui e compravam em menos quantidade. Houve até quem viesse quase diariamente, mas comparava apenas um saco de cada vez. Passavam consoante as necessidades e as possibilidades e notou-se uma quebra muito grande. No entanto, agora volta a haver uma grande procura”, rematou a funcionária. Sofia Rodrigues, da empresa DNMAT, que esclareceu que agora “os preços estão regulados” porque “a procura e a oferta estão regularizadas”, assinala que as pessoas estão a comprar mais do que quando os preços dispararam. Isso é óbvio. Mas, o que se nota é que as pessoas “vão comprando”, não em largas quantidades, uma vez que não têm receio que o preço, agora, do nada, dispare de novo. E ficam à espera de “campanhas”, de ver o produto “mais barato”. Quando os preços dispararam, segundo Sofia Rodrigues, os clientes não faltavam, “havia mais gente do que os clientes habituais”. Havia, possivelmente, mais do que agora, porque “notava-se que o produto não existia, muitas vezes, em outros comércios”, rematou, dizendo que nessa época teve de se racionalizar o número de sacos que cada pessoa podia levar. Eram, naqueles tempos, um total de cinco sacos, por cliente, por dia. Em 2022, dado os problemas de abastecimento de gás natural proveniente da Rússia, houve um elevado incremento no preço da energia e os consumidores europeus começaram a procurar alternativas para o aquecimento das casas. Assim, o preço dos pellets subiu pois existia um consumo muito superior ao que se podia produzir. A guerra na Ucrânia, sendo que este país fornecia, “bastante”, o resto da Europa, também não ajudou, fazendo com que não houvesse produto para se vender. Por fim, havia ainda falta de matéria-prima por causa dos incêndios. Todas estas situações estão agora numa realidade diferente e, por isso, o mercado está também ele de outra forma. Na F.Pereira Materiais de Construção, em Bragança, também se vende pellets. Segundo Manuela Abreu, o ano passado o preço do saco de 15 Kg chegou a custar 10 euros, no entanto, este ano, o cenário é bem diferente. Neste momento, estão a vender o saco a 5,5 euros. Acredita que esta diminuição de preço estará com a diminuição da procura do ano passado. “O ano passado de certeza absoluta que houve um menor consumo. Verificou-se uma grande quebra na venda dos pellets. As pessoas procuraram alternativas energéticas, desde o ar condicionado ou compra de lenha”, contou. Este ano, como o preço caiu quase para metade, Manuela Abreu disse que as vendas aumentaram. “A venda é superior ao ano anterior, mas não é tão grande como era há uns anos”, admitiu. A subida do valor dos pellets fez perder alguns clientes, visto que as pessoas foram obrigadas a encontrar outra solução energética mais barata. “Tenho clientes que o ano passado compraram ao preço mais caro e voltaram a comprar este ano, houve clientes que foram com à procura de uma solução mais económica. Houve mesmo clientes que deixaram de comprar pellets”, contou. A compra dos pellets pode ser feita ao saco ou até à palete. Manuela Abreu explica que tudo “depende do orçamento familiar”. Continuam a ser procurados por muitos, por ser uma “fonte energética mais prática em relação à lenha”. Ainda assim, há quem não desista de uma boa lareira a lenha.

Lenha continua a vender-se em força

No Inverno passado, Bruno Coutinho, lenhador no concelho de Bragança, viu- -se perante mais trabalho. Começou a receber mais encomendas porque havia várias pessoas que, há meia dúzia de anos, se tinham rendido aos pellets e naquela época, com medo de gastar tanto dinheiro, dada a subida, voltaram a procurar a lenha. Este Inverno, o trabalho, apesar da descida do preço dos pellets, Bruno Coutinho assegura que continua com o mesmo trabalho, não há quebras. “A procura é igual. Os clientes que tínhamos, que estavam nos pellets e trocaram para a lenha, continuam na lenha. Apesar de o preço dos pellets ter baixado continuam a comprar a lenha igual”, esclareceu, dizendo que “não houve diferença, apesar de a lenha até ter subido”. Ou seja, conforme clarificou, cada carga subiu cerca de 50 euros. Uma carga de carvalho custava, em média, 400 euros e agora custa cerca de 450. Para Bruno Coutinho, apesar de a lenha ter subido de preço e os pellets descido, “compensa comprar lenha” porque “rende mais do que os pellets”. Apesar de estes darem “menos trabalho”, o rendimento “é outro”. Não acreditando que no Inverno passado houvesse gente a passar frio, pelo menos na região, Bruno Coutinho esclareceu que “as pessoas compravam e continuam a comprar muita lenha” porque há até mesmo “bastantes opções”. “Há as pick up, que são mais baratas, custam cerca de 130 euros, e as meias cargas, que custam cerca de 250”, disse Bruno Coutinho, que afirma que “há muita variedade para se gastar pouco dinheiro”, sendo que, depois, “há outro tipo de lenha mais barata, como choupo ou castanho”, cuja carga ronda os 300 euros. Segundo Bruno Coutinho, a maioria dos clientes “gasta cerca de duas cargas de lenha por ano”. Depois “há clientes que só fazem lume à noite e só gastam uma carga ou meia”. As cargas de pick up são “muito procuradas”, já há algum tempo. “São mais pequenas, mais económicas e destinadas a pessoas que têm menos arrumação e menos dinheiro. Há muita gente a optar por isso”, rematou. Outro dos lenhadores da região é Bernardo Gonçalves. É de Malhadas, concelho de Miranda do Douro, e tem o negócio, em conjunto com o pai, há 12 anos. Corta a lenha, trata e ainda leva a casa do cliente. No entanto, este ano admite que tece uma quebra de “16 ou 17%” em relação ao ano passado. “Não há tanta venda este ano”, contou. Admite que a baixa do preço dos pellets pode ter contribuído para essa quebra, mas também o despovoamento da região. “Penso que é por causa do despovoamento do interior, porque a maior parte dos nossos clientes são pessoas de alguma idade, não sei se é por irem embora para casa dos filhos ou falecerem”, disse. O preço da carga depende também do tipo de madeira. Se for carvalho, pode rondar os 420 euros, se for de carrasco o valor é mais elevado, cerca de 600 euros. O empresário disse ter aumentado apenas ligeiramente os valores, para conseguir suportar os custos. “O preço está praticamente igual, subiu 20 euros, para compensar os custos de combustível principalmente”, explicou. Ainda assim, Bernardo Gonçalves não tem dúvidas de que a lenha é uma mais- -valia e “continua a compensar”, nomeadamente pelo “conforto” que causa ter uma lareira. Porém, entende que é um constrangimento para algumas pessoas, nomeadamente as que vivem em apartamentos e que não têm um sítio para a armazenar, comprando em menores quantidades. Perante cenário, os transmontanos continuam a apostar na lenha, mas visto que os preços dos pellets voltaram a descer, as vendas aumentaram.

Jornalista: Carina Alves/Ângela Pais

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