O ano de 1973 foi marcado por profundas tensões, tanto a nível mundial como nacional. A crise petrolífera, desencadeada pela decisão dos países árabes de reduzirem a produção de petróleo e aumentarem os preços, começou a ter reflexos diretos na economia portuguesa. O custo de vida subiu de forma notória. Bens essenciais tornaram-se mais caros, os salários perdiam poder de compra e o descontentamento popular aumentava.
Ao mesmo tempo, a guerra colonial continuava a exigir um enorme esforço humano e financeiro. Cada vez mais jovens eram mobilizados para combater em África, e o serviço militar foi prolongado, o que agravava o sentimento de injustiça e desgaste entre as famílias portuguesas. Muitos jovens viam os seus estudos interrompidos e a sua juventude roubada por um conflito que parecia não ter fim.
Nos meios estudantis, a insatisfação crescia. As universidades e associações académicas tornaram-se espaços de resistência, onde se intensificavam os protestos contra a repressão do regime e pela liberdade política. Apesar da vigilância da PIDE e da censura, os estudantes encontravam formas de se organizar e fazer ouvir a sua voz, contribuindo para o clima de contestação que antecederia a Revolução dos Cravos.
Paralelamente, a vida social procurava refúgio na alegria simples do convívio. As festas de garagem, os bailes populares e os encontros entre amigos tornavam-se momentos de escape, onde a juventude podia expressar-se através da música e da dança, libertando-se, ainda que por instantes, das tensões políticas e económicas do país.
1973 foi um ano de contrastes. Entre a crise e a esperança, entre a repressão e o desejo de liberdade, entre a guerra e a busca de momentos de felicidade quotidiana. Um ano que prenunciava as mudanças profundas que estavam prestes a transformar Portugal.
Recordações...
Obs* O Manuel Vitorino, que é membro do nosso grupo, foi um dos estudantes que pertenceu à última Associação Académica do Liceu Naconal de Bragança e eu um dos que pertenceu à primeira Associação de Estudantes. Somos da mesma idade. Manuel Vitorino, conta-nos algumas histórias... para que não se percam no tempo e com as pessoas... até a da viagem de avião. Um grande abraço.

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