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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 20 de novembro de 2025

A casa do Abade de Baçal já é do Município


 «Não faz sentido investir dinheiro público numa casa privada». Com estas palavras, o Eng. Jorge Nunes, Presidente da Câmara de Bragança [1998 a 2013], defendia assim, perante os jornalistas, o porquê de não se investir na casa do Abade Baçal [9-4-1865/ 13-11-1947].

Saúdo e homenageio a Doutora Isabel Ferreira, recém-eleita Presidente do Município, com o presente artigo. Entendo os seus inúmeros afazeres, só para se inteirar de todos os dossiês, rogo-lhe que entenda também a celeridade desta nota. Oportunamente, assinale por favor, este edifício como candidato a recuperação. Saúdo também quem tratou do recentíssimo processo [At.º 432, Urbano, 2025] de aquisição, que está ainda em fase de tratamento na Divisão do Património, mas já é do Município e, como tal, é domínio público. É urgente escorar-lhe os muros, enquanto se candidata à recuperação, para não ter de os levantar integralmente do chão!

Esta casa enquadra-se na tipologia de arquitetura rural, popular e regional, que quase já não existem outras. Cada habitação que se desmorona, é por isso um valiosíssimo património que desaparece e, com ele encerram-se preciosas lições. Estes edifícios fornecem um manancial de fontes preciosas para o estudo da génese arquitetónica, correlacionadas com a geografia, o clima, a economia, a sociedade, como refere o estudo da Arquitetura Popular em Portugal, do Sindicato Nacional dos Arquitetos. Só por isto já valia a pena recuperá-la!

A Casa do Sr. Abade é uma estrutura de alvenaria de xisto, rebocada e pintada de branco, com caixilharia e portas de madeira e, cobertura de telha. A par desta marca de distinção, no seu “claustro interior” [varanda romana], é decorado com apontamentos epigráficos sobre a cal, onde o Sr. Abade apontava as visitas ilustres que recebia em Baçal, tais como: Leite de Vasconcelos, Teixeira Lopes, Abel Salazar, Paulo Quintela, Jorge Dias e Egas Moniz.

Se esta casa não for recuperada perde-se uma das fortes ligações a um dos mais ilustres transmontanos dos séculos XIX e XX e, com esta desaparece uma fonte de oportunidade para o Turismo. Em 2011 o Presidente da Junta de Baçal, João Alves, ao inaugurar uma escultura urbana em homenagem ao Pe. Francisco Manuel Alves dizia: «há muita gente que vem aqui a Baçal e encontrava um vazio, não encontrava aqui nada que tivesse a ver com o Abade». 

A página “web” do Turismo de Portugal diz que os escritores são pessoas especiais, inspiradas pelos sítios onde moram. Por isso as suas casas dão-nos mais informação sobre o modo como viveram, onde escreviam e como trabalharam e muitas vezes essas moradias surpreendem-nos pela simplicidade, situadas em cenários idílicos, como se a paisagem fosse suficiente para alimentar o génio criativo. Ao visitá-las ficamos a conhecer um pouco mais da alma portuguesa. 

Por tudo isto é urgente recuperar a casa do génio da nossa arqueologia, da etnografia, da história de Trás-os-Montes, sobretudo da região de Bragança! O Sr. Abade nada fica a dever a Torga, a Eça, a Camilo, a Pessoa, a Régio, cada qual no seu âmbito, personagens de quem se conservam ainda as suas habitações como memoriais de visita obrigatória.

Pe. Estevinho Pires

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