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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 24 de novembro de 2025

A estátua de D. Afonso Henriques… com «sangue bragançano»! E o nascimento do futebol… brasileiro!

Por: Rui Rendeiro Sousa
(Colaborador do "Memórias...e outras coisas...")


 Deparei-me com a notícia de que a conhecida estátua do monarca, em Guimarães, voltou a ser vandalizada. Não sendo, porém, o reprovável acto de vandalismo que aqui, propriamente, me traz. Mas sim a história por detrás da dita estátua. Muitos não o saberão, a referida estátua é de finais dos anos 80 do século XIX. E que a mesma resultou do interesse em homenagear o monarca, por parte de um grupo de emigrantes portugueses no Rio de Janeiro, que se auto-intitulava como «grupo de patriotas». 

E o que tem isso de relevante? Inevitavelmente me lembrei que um dos principais entusiastas e contribuidores (“c’uns bôs contus de réis’e”!) para a dita estátua, foi um “home” oriundo do distrito de Bragança! O qual com apenas 13 anos, zarpou para o Brasil. País no qual, fruto do seu empreendedorismo, se tornou num dos grandes banqueiros do Rio de Janeiro, onde também fundou uma das mais icónicas indústrias do Brasil. Sendo, com esta última, um dos pioneiros no «bem-estar dos trabalhadores», no qual seria imitado por outros industriais. Tudo porque criou uma cidade dentro da cidade para os seus milhares de trabalhadores. Na qual, para lá das casas que lhes providenciava, também a dotou de igreja, escola, farmácia, médico, e até munia os seus operários do direito a sepultamento, a troco de um irrisório desconto mensal.

E, para melhorar o conforto e o prazer dos seus trabalhadores, também lhes construiu um teatro que, em simultâneo, servia de casino e «club». Ao abrigo do qual os dotou, por influência de operários ingleses, com um campo de «football». Facto que irrelevante seria caso não tivesse sido aí que... nasceu o futebol brasileiro!!! À custa das boas graças de uma distinta figura oriunda do distrito de Bragança! Quem diria? Menos irrelevante ainda é porque aí foi criado um dos mais populares clubes de futebol ainda existentes, clube que foi o primeiro, ainda em vida do dito “home”, a ter um atleta negro nas suas fileiras, situação que redundaria num veemente protesto perante as elites do futebol, que não aceitavam a inclusão do dito atleta. Curiosidades…

Para os interessados, se exceptuarmos os célebres Duques de Bragança e outros que do distrito não eram, há doze títulos nobiliárquicos (que conheça) atribuídos a gente natural do distrito bragançano. E, imaginem lá, qual foi o último título nobiliárquico atribuído em Portugal? “Ah peis é”, foi a este “home” ao qual se deve o nascimento do futebol brasileiro! “Home” que, por brasileiras terras, era tratado pela deferência de «Senhor Comendador», por tê-lo sido da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa.

E “prontus’e, bal’u que bale”, o último título nobiliárquico atribuído em Portugal, o último «conde», foi a um «bragançano» (“bá”, que por acaso era do meu concelho...). O qual, para lá da imensa riqueza, era um benemérito e filantropo. Dizem as crónicas da época que, mesmo com grande fortuna, a sua bolsa estava sempre disponível para os que necessitavam. Grande exemplo o deste «bragançano»! Sem o qual, não existiria estátua de D. Afonso Henriques para ninguém… Por isso o trouxe aqui… 

(Nota: nas imagens, é o "home" com o farfalhudo bigode brando...)


Rui Rendeiro Sousa
– Doutorado «em amor à terra», com mestrado «em essência», pós-graduações «em tcharro falar», e licenciatura «em genuinidade». É professor de «inusitada paixão» ao bragançano distrito, em particular, a Macedo de Cavaleiros, terra que o viu nascer e crescer. 
Investigador das nossas terras, das suas história, linguística, etnografia, etnologia, genética, e de tudo mais o que houver, há mais de três décadas. 
Colabora, há bastantes anos, com jornais e revistas, bem como com canais televisivos, nos quais já participou em diversos programas, sendo autor de alguns, sempre tendo como mote a região bragançana. 
É autor de mais de quatro dezenas de livros sobre a história das freguesias do concelho de Macedo de Cavaleiros. 
E mais “alguas cousas que num são pr’áqui tchamadas”.

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