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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 20 de novembro de 2025

Médico, Cientista e Autarca Entram num Bar

Por: José Mário Leite
(Colaborador do Memórias...e outras coisas...)


 Um médico europeu, com reputação mundial, há pouco mais de um ano, quando trabalhávamos no orçamento que caberia à investigação de apoio à sua atividade, reclamou para si o título de melhor cirurgião na sua especialidade e, por isso, lhe eram devidas condições excecionais para a continuação do seu trabalho. Não tenho conhecimento suficiente (nem perto disso) para atestar ou contestar a sua afirmação. É um dos melhores, sem dúvida, a avaliar pela quantidade de doentes que o procuram, vindos das cinco partidas da terra e a satisfação com a sua atividade pode facilmente ser aquilatada pela quantidade e dimensão de donativos que, pela sua mão, chegam à Clínica. Como tal, foi com alguma surpresa que o ouvi, no encerramento de uma conferência internacional sobre investigação translacional, boas práticas médicas e estado da arte em cirurgia do cancro do pâncreas, proclamar a inalienável virtude da humildade.

Perante a fina flor mundial de investigadores e cirurgiões, ali reunidos muito por causa do seu prestígio e competência, afirmou, com toda a clareza que médico, necessariamente, de ser humilde. Perante a doença, perante os seus pares, mas, sobretudo, para com os doentes. Dizer a um paciente oncológico que “não há cura” é equivalente a decretar uma sentença de morte! Ora, por mais dramática que seja a situação, por mais grave que seja o diagnóstico, nada justifica tal “decreto”. Porque, provavelmente nem corresponde à verdade. No cumprimento escrupuloso e leal para com o paciente o que tem de dizer: “Eu não conheço a cura para a sua enfermidade, mas pode haver quem conheça. Aqui mesmo, em Lisboa. Ou em Paris. Ou em Nova Iorque. Ou no Japão. Ou na Índia. E, provavelmente haverá!”

E, para rematar, discorreu sobre a apreciação, pelos pares, do trabalho, propostas e teses de cada um. “Quando alguém afirma discordância absoluta sobre um tema defendido por qualquer um de nós, não está a dizer que somos incompetentes, ou menos capazes. Está, simplesmente, a manifestar uma opinião crítica, diferente da nossa. Provavelmente bem fundamentada porque só assim lhe assiste razão e motivo para o fazer. Não nos está a menorizar nem a desprezar. Pode, perfeitamente, ter grande consideração por nós e pelo que representamos em tudo o resto… mas não, no caso em apreço”.

Era o médico a falar, vestindo o fato de investigador. Provavelmente por haver dezenas de cientistas na sala. E porque todos sabem que, de outra forma, a ciência não avança.

Não pude deixar de fazer um paralelo imediato com a maioria dos autarcas que conheço que tudo sabem, tudo conhecem e raramente aceitam opiniões diversas das suas e ai de quem lhes critique a obra, os planos ou a opinião.

Entretanto, os eleitores de Bragança, sabiamente, escolheram para líder dos destinos concelhios, uma cientista. Espero que Isabel Ferreira traga para a política regional o método e a prática científica que conhece e praticou de forma exemplar. Quero crer que o seu exemplo e, sobretudo, o seu sucesso, faça escola na nossa terra, neste tempo da preponderância das tecnologias de base científica como a inteligência artificial.


José Mário Leite
, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia), A Morte de Germano Trancoso (Romance) e Canto d'Encantos (Contos), tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.

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