(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
Um célebre estadista escreveu, mais ou menos, isto: «Adoro os idiotas! Sem a sua existência jamais conseguiria valorizar aqueles que não o são». Como o compreendo!… Porém, confrontarmo-nos com a idiotice, não mata, mas mói… Particularmente quando aquilo que nos move é algo que uma Senhora deixou, simpaticamente, num comentário: serviço público. E esse comentário deixou-me a conjecturar com os meus botões... Porque, a ser serviço público, é feito em forma de carolice, por respeito, consideração e amizade ao administrador desta página e, agora, igualmente, aos amigos que por aqui fui arrecadando. Mas não vale tudo… Por isso me irei ausentar daqui por uns dias, para espaço deixar a certas supremacias intelectuais para manifestarem a sua infinita sabedoria. Não sem “fitchare cum tchabe d’ouru’e” (peço desculpa aos supremacistas intelectuais, deveria ter escrito «fechar com chave de ouro»…) este primeiro ciclo de incursões a esta magnífica página…
E nada melhor do que, ao género de «cereja no topo do bolo», aqui trazer mais uns Bragançãos. Aqueles sem os quais, por exemplo, não teríamos o feriado do «10 de Junho – Dia de Camões», ou os Lisboetas não teriam o seu feriado do «13 de Junho – Dia de Santo António». Camões e Santo António que, tal como já por aqui trouxe, também eram Bragançãos. Mas também não teríamos o próximo feriado do «1 de Dezembro – Dia da Restauração da Independência»! Ou até, por indirecta via, o do «8 de Dezembro – Dia da Imaculada Conceição»! “Ah peis é!”.
A todos será familiar a designação «Duques de Bragança». Todavia, os duques não eram de Bragança. “E, c’um catchu de sorte, nim sequera algua bêze lá butarum nus tchanatus’e”… De facto, à excepção de um, que parece ter nascido em Chaves, todos os restantes nasceram, ou no Alentejo, ou, a partir de determinada época, em Lisboa. Ser «Duque de Bragança» tratava-se, apenas, de um título nobiliárquico, que representava, acima de tudo, uma forma de recompensar algumas figuras pelos seus serviços, atribuindo-lhes, não apenas o título, mas os elevados rendimentos que advinham da posse de um, por vezes, extenso património.
Assim nasceria o «Ducado de Bragança», através de um filho bastardo, posteriormente legitimado, do Mestre de Avis. Ducado ao qual seriam anexadas vastas propriedades, nomeadamente do nosso 2º Condestável, o conhecidíssimo D. Nuno Álvares Pereira. O qual se transformou em sogro de D. Afonso, 1º Duque de Bragança, pelo casamento com a sua filha única, D. Beatriz Pereira Alvim. E “nium” dos esponsais tinha alguma coisa a ver com Bragança, para lá do título do masculino cônjuge. Desta união matrimonial nasceria D. Fernando I, 2º Duque de Bragança, o tal cuja estátua, no castelo bragançano, aparece a ilustrar este texto. E imaginem lá com quem casaria o 2º Duque de Bragança? “Peis, or sim senhora, c’ua dona decendente dus Bragançãus’e”!
Dona essa que era uma «de Castro», família que já por aqui trouxe, através dos irmãos Inês de Castro e Álvaro de Castro, ilustres bisnetos do «último Braganção», o tal que educou o nosso maior rei medieval, D. Dinis, e que seria seu Mordomo-mor. Significa isto que, a partir do 3º Duque de Bragança, por via feminina, todos os restantes passaram a carregar genes bragançanos! Entre os quais se contava o 8º Duque de Bragança, D. João II como tal, e que seria o nosso futuro rei D. João IV, «o Restaurador», o tal que daria “um biqueiru’e nu sim-senhôre ós F’lipes’e”, inaugurando a Dinastia de Bragança.
Quando por aqui fui afirmando que mais de metade da História de Portugal não teria acontecido, como a conhecemos, sem sangue «bragançano», “num staba a sere nium aldrúbias’e”. Porque todos os reis, a partir de D. João IV, passaram a carregar… «genes bragançanos»! O que será, para alguns pedantes intelectuais, irrelevante e de somenos importância. Deixo-lhes, de forma altruísta, espaço para exporem a sua brilhante erudição, onde, paradoxalmente, defendem balofos conceitos do Estado Novo, como «teses lusitanistas» ou «portugalidade» e depois, em modo antítese, pavoneiam-se de cravo ao peito, gritando «Liberdade»… “Num bate a bota co a predigota”...
“Atãu’e, ati ámanhã ou passadu’e, ou outru dia qualquera, se Deus No’Senhore quijere!”...
(Foto: © Rui Rendeiro Sousa)
Rui Rendeiro Sousa – Doutorado «em amor à terra», com mestrado «em essência», pós-graduações «em tcharro falar», e licenciatura «em genuinidade». É professor de «inusitada paixão» ao bragançano distrito, em particular, a Macedo de Cavaleiros, terra que o viu nascer e crescer.
Investigador das nossas terras, das suas história, linguística, etnografia, etnologia, genética, e de tudo mais o que houver, há mais de três décadas.
Colabora, há bastantes anos, com jornais e revistas, bem como com canais televisivos, nos quais já participou em diversos programas, sendo autor de alguns, sempre tendo como mote a região bragançana.
É autor de mais de quatro dezenas de livros sobre a história das freguesias do concelho de Macedo de Cavaleiros.
E mais “alguas cousas que num são pr’áqui tchamadas”.

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