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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 6 de novembro de 2025

Palaçoulo: A arte do tanoeiro não desapareceu antes evoluiu

 Em Palaçoulo, na empresa J.M.Gonçalves, a arte da tanoaria não desapareceu antes evoluíu com a introdução de conhecimentos, máquinas e novas tecnologias que auxiliam os tanoeiros, como António Gonçalves, no fabrico de barricas ou pipos, para conservar e amadurecer vinhos, nas adegas de todo o mundo.


Descendente de uma família de tanoeiros, já o pai e o avô tinham esta profissão, António Gonçalves, aprendeu a arte de fazer barricas e pipos, na centenária tanoaria J.M.Gonçalves, Lda., que labora desde 19 de dezembro de 1904.

As tábuas de madeira chamadas “aduelas”, que dão forma às barricas têm de ficar bem juntas e vedadas, para que o vinho não verta para o exterior, sem utilizar um único prego! Mas como consegue?

“Para o fabrico de barrricas são utilizadas vários tipos de madeira como o carvalho, o castanho, a acácia e a cerejeira. A madeira mais utilizada é o carvalho, oriundo de países como a França, os Estados Unidos da América (EUA), a região dos Pirineus e países do leste da Europa, como a Roménia e a Hungria”, começou por dizer.

Em Palaçoulo, antes das madeiras serem utilizadas no fabrico de barricas têm que passar por processos de lavagem e secagem natural, que duram entre 24 ou 36 meses, ou seja, dois a três anos.

“Da floresta até à adega, uma barrica tem que passar pela serração, onde se extraem as ripas de madeira a que se dá o nome de aduelas e que vão formar a camisa da barrica. No processo de fabrico, outro material importante são as peças em ferro, a que chamamos a camisa, os fundos e a ferragem. A ferragem são os arcos que que têm que ter elasticidade, para apertar e para alargar quando a barrica ou o pipo estiver cheio de vinho”, explicou, o tanoeiro, António Gonçalves.

Na montagem da barrica, começa-se por cortar uma tira de ferro e forma-se com ela um arco, maior ou menor conforme a dimensão da barrica a executar. De seguida, este arco vai ser preenchido, em volta, com as ripas de madeira ou aduelas e que vão sendo presas com grampos ao anel de ferro. Quando o anel já está todo preenchido com as aduelas, estas são contornadas com os outros arcos de ferro, a chamada ferragem. Tal como as aduelas, também os arcos de ferro têm de ficar ajustados, o que é feito com a marreta e o chaço, ficando assim bem fixos nos seus lugares.

De acordo com o tanoeiro, António Gonçalves, a tanoria evoluiu muito ao introduzir máquinas e tecnologia, que trabalham desde o design das barricas, passando pelo corte das madeiras até ao tratamento térmico das barricas e pipos, o que permite à tanoria J.M.Gonçalves, fabricar uma barrica, a cada dez minutos.

“Atualmente, o lado mais artesanal da tanoria ainda é o tratamento térmico que é dado ao interior da madeira, pois exige mais atenção e saber. A queima do interior das barricas também varia consoante o tipo de vinhos, sejam tintos ou brancos e a recomendação dos enólogos. No fabrico das barricas ou pipos é preciso molhar bem as tábuas com água para depois fazer lume no seu interior, de modo a que o calor dilate a madeira, para que as ripas fiquem bem unidas umas as outras”, ensinou.


No tratamento térmico, a tanoria J.M.Gonçalves também introduziu uma inovação com a queima em pedra vulcância, o que permite tostar a madeira com recurso a pedras vulcânicas, provenientes de países como a Islândia, Itália, Japão e E.U.A. Com a utilização desta técnica eliminam-se as toxinas da madeira, permitindo assim aos enólogos criar um vinho com uma mineralidade equilibrada e maximizando a expressão da fruta.

«A seguir ao tratamento térmico fazem-se e colocam-se os tampos, que são de forma circular. O tampo dianteiro tem de levar uma abertura, para o pipo poder ser esvaziado e limpo. É o chamado “postigo” e tem de ficar bem justo e vedado. No mesmo tampo, abrem-se três furos em posições diferentes, para neles introduzir a torneira, que se vai deslocando, conforme o vinho vai baixando no interior da barrica”, ensinou.

No final do fabrico de cada barrica, faz-se um teste de estanquidade para verificar se não vertem liquido. Se o primeiro teste for bem sucedido segue-se a substituição dos moldes metálicos pelo ferro galvanizado e faz-se um segundo teste de estanquidade.

“Diz-se que a tanoaria é um ofício de detalhes porque a qualidade das barricas ou pipos depende de vários pormenores, como são a seleção da madeira, o longo tempo de lavagem e secagem da madeira e o tratamento térmico adequado e a estanquidade das barricas”, concluiu.

Ao longo de cem anos (1904-2024) a tanoaria J.M.Gonçalves transformou-se numa empresa moderna e inovadora, que exporta os seus produtos (barricas, tonéis e alternativos) para todo o mundo, destacando-se em países como a vizinha Espanha, França, Alemanha, Estados Unidos da América, países da América do Sul e outros do continente asiático.

HA

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